Nos últimos anos, o perfil da área de compras foi reformulado, perdeu o caráter operacional e ganhou função estratégica e competitiva dentro das companhias. Essa tendência tem levado algumas empresas a lançar mão de serviços e soluções para melhorar o desempenho dos seus setores de compras e suprimentos. Para alcançar esses objetivos, novos serviços foram desenvolvidos para ajudar na condução dos resultados.
Os desafios nessa busca são freqüentes, e cada vez mais se faz necessária a aplicação de soluções que tragam eficiência e desempenho às atividades. Quanto mais a competitividade do mercado cresce, maior é a exigência por novas soluções. A principal tendência deste ano é a análise de gastos. Criada para identificar e priorizar as oportunidades de ganhos em suprimentos, a solução é baseada em técnicas de negociação, que organiza os produtos em categorias e define a prioridade dentro do negócio da corporação, com os respectivos gastos.
Considero esse o método mais estratégico para chegar a resultados definitivos na área de compras. Isso porque, a partir da definição desse mapa, é possível definir a melhor estratégia de aquisição para cada categoria. Assim, a empresa pode se estruturar para decidir como vai ao mercado comprar seus produtos prioritários. É importante reforçar que toda a avaliação será trabalhada com base no core business de cada corporação. Então, o processo precisa ser personalizado. Se for estratégico para uma empresa comprar tomate, ela terá de definir suas categorias relacionadas a esse item.
Esse mecanismo não só garante um maior potencial de ganho, como também agiliza o processo de aquisição. Uma empresa pode obter ganhos na negociação com os fornecedores de 5% a 25%. Com relação à redução de custo, em alguns casos, a redução de tempo pode chegar a 40%.
Apesar da visível vantagem, as empresas ainda não estão estruturadas para as compras estratégicas e não focam no core business. Hoje, por exemplo, a cada quatro visitas que faço em empresas, apenas uma está preparada e faz suas aquisições por meio da análise e definição de prioridade por categoria.
Outra forte tendência para o ano é a terceirização de compras, destinada especificamente para itens indiretos e que não impactam diretamente no negócio da companhia. O grande problema é que as empresas se preocupam menos com produtos não estratégicos (indiretos), mas são, às vezes, esses itens que podem trazer bons ganhos para as companhias.
Uma empresa de telecomunicação, por exemplo, não precisa focar esforços para comprar bebedouro ou preocupar-se com pequenos serviços e reparos do cotidiano. Tem, sim, de direcionar a atenção de seus profissionais de compras para a aquisição de produtos diretos, relacionados ao core business, como equipamentos e componentes de telecom etc. Entretanto, não pode subestimar os ganhos com produtos menos estratégicos, por isso, é recomendável, em alguns casos, transferir a responsabilidade dessas compras para empresas especializadas.
Luiz Gastão Bolonhez é vice-presidente comercial e de marketing do Mercado Eletrônico.