O mercado das plataformas de mobilidade não para de crescer, oferecendo nichos de atuação tanto para ofertas inovadoras quanto na redução de atritos os mais variados. Atentos a essas oportunidades, dois ex-executivos do segmento resolveram empreender e criaram a Kovi, startup dedicada ao aluguel de veículos para motoristas de aplicativos, ocupando brechas deixadas pelas locadoras tradicionais. Começando em São Paulo, no final de 2018, com uma frota experimental de 50 veículos, a empresa tem hoje mais de 11 mil condutores cadastrados, exigindo uma monitoria permanente sobre cada problema a ser resolvido. Os pormenores dos desafios enfrentados e superados pela startup foram compartilhados, hoje (10), por João Costa, co-fundador e CPO da Kovi, ao longo da 283ª live da série de entrevistas dos portais ClienteSA e Callcenter.inf.br.
Criada há três anos, a startup Kovi – termo que quer dizer “viver” em tupi-guarani – nasceu com a vocação de oferecer uma alternativa mais acessível aos motoristas de aplicativos na locação do seu instrumento de trabalho. De acordo com João Costa, esse é o público-alvo exclusivo da organização, que dissemina internamente uma cultura que chama de “motorocentrismo”. Ou seja, não medir esforços para mitigar as dores causadas pela falta de veículos para o trabalho desses profissionais que são a razão de ser do negócio. A carência nesse mercado era tão grande que, do projeto-piloto lançado com uma primeira leva 50 carros alugados aos usuários em novembro de 2018, a empresa registrou crescimento de 100 vezes em um ano, estando hoje com quase 600 colaboradores e atendendo mais de 11 mil motoristas do segmento.
Ex-executivos da 99, tanto Costa quanto seu sócio, Adhemar Milani Neto, conheciam com profundidade as características do setor. Percebendo que os dois maiores mercados da América Latina, em termos de plataformas de mobilidade estão nas cidades de São Paulo e México, a experiência do seu modelo de negócio já está se internacionalizando, com o início de atendimento também aos condutores da capital mexicana. Nesse sentido, o desafio agora é descortinar a percepção dos clientes sobre o que está sendo oferecido em culturas bem diferentes. Na análise do CEO, essa questão vai sendo resolvida na medida em que a organização vai resolvendo os problemas inerentes à atividade. “Trata-se de um público que sempre manteve uma relação meio desgastada com os contratantes, até em virtude de erros no fornecimento de ferramental para o trabalho deles. Então, nosso grande desafio inicial, uma startup ainda experimentando os melhores caminhos, foi conquistar confiança e credibilidade. A transparência, disponibilidade e flexibilidade para resolver os problemas desses profissionais foram fundamentais. Esse mercado no qual operamos é relativamente novo, com pouca oferta de acesso aos veículos e seguros. Com nosso serviço estamos conseguindo oferecer mais alternativas.”
Indagado sobre o que é mais difícil para operar, a percepção do cliente ou da própria empresa, Costa confessou que, por enquanto, está tanto na captura das informações quanto no trabalho de decodificação e interpretação. Isso em virtude do crescimento exponencial do qual brota uma grande massa de dados a se captar e estudar. “Para se ter uma ideia, recentemente, lançamos um programa para melhorar a qualidade de direção do veículo pelos nossos usuários. Para isso, criamos no sistema um algoritmo que quantifica as características de dirigibilidade olhando para um volume de 30 milhões de quilômetros rodados. Ou seja, é um imenso universo de números em análise constante.” Isso tudo é realizado com um sistema de telemetria embarcado em todos os veículos alugados, permitindo acompanhar a performance de cada motorista. Inclusive, para gerar hábitos de direção que levam à economia de combustível e de custos de manutenção. “É uma forma de interação permanente com os usuários, que permite, junto com o NPS diário, amadurecer na empresa o acompanhamento da experiência do cliente em cada etapa da jornada.”
Para melhorar ainda mais esses processos, Costa salientou que uma das decisões mais corajosas da startup foi internalizar todo o trabalho de manutenção preventiva e corretiva dos veículos na empresa. Isso transformou a Kovi em uma das maiores oficinas de automóveis do país. O esforço, de acordo com o executivo, é compensado na relação custo/benefício, além da eliminação de problemas, em relação a trabalhar com terceiros nessa atividade. E lembrou o quanto isso ainda crescerá junto com o negócio em si, mencionando números expressivos no potencial do segmento. Ele confirmou que existem, hoje, mais de um milhão de motoristas de aplicativos no país, com mais de 70% deles sem um carro próprio para trabalhar. E mencionou uma projeção dando conta que, em mais dois ou três anos, haverá mais de 2,5 milhões desses condutores de passageiros na América Latina.
O vídeo com o bate-papo na íntegra está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 282 lives realizadas desde março de 2020. Aproveite para também para se inscrever. A série de entrevistas será retomada na segunda-feira (14), com a presença de Ravel Lage, head de negócios aéreos, produtos e customer servisse da Smiles, que falará da transformação de dentro para fora para impulsionar experiências únicas; na terça será a vez de Adriano Andrade, diretor comercial da Amanco Wavin; na quarta, Luis Martini, diretor de marketing, TI, CRM e transformação digital da Tenda; e, na quinta, Leandro Piano, CFO da Warren.