Desconfiança com economia aumenta 142%

A desconfiança com relação à economia brasileira quase triplicou no último ano. Dos executivos ouvidos, 46% acreditam que as perspectivas são de declínio na economia. Esse percentual era de 19%, em abril do ano passado, e de 40%, em outubro. Segundo o estudo “12º Capital Confidence Barometer”, realizado pela Ernst & Young (EY). A pesquisa ouviu 1.600 profissionais entre CEOs, CFOs e COOs de 54 países, sendo 86 brasileiros, entre fevereiro e março deste ano. “O atual momento da economia brasileira e as incertezas dos ajustes macroeconômicos promovidos pelo governo federal são os principais responsáveis pela piora na percepção dos entrevistados. Como resultado dessa visão negativa com relação ao cenário nacional, o Brasil deixou de ser um dos cinco destinos prioritários em fluxo de investimento global” diz Gustavo Vilela, sócio de transações da EY.
 
Apesar do cenário adverso, as empresas devem focar em crescimento nos próximos 12 meses, é o que afirmam 55% dos entrevistados. Um crescimento de 35 pontos percentuais em comparação com o resultado registrado em abril do ano passado. Corte de custos e ganho de eficiência deve ser a prioridade para 35% das companhias, contra 45% do último levantamento. “Manter a estabilidade” e “Sobreviver” fecham a lista com 5% cada. Em abril do ano passado, os índices eram de 30% e 5% respectivamente. Embora o foco da maioria das companhias seja o crescimento, a redução de custos se tornou um tema central da agenda das diretorias. Além disso, uma porcentagem considerável de executivos (28%) considera as Fusões & Aquisições (M&A, na sigla em inglês) como parte importante da estratégia de expansão do negócio. 
As operações decorrentes do movimento de desinvestimento que deve acontecer em alguns setores ao longo de 2015 é uma das principais razões para esse bom momento da área de M&A. De acordo com Vilela, a redução do valuation gap também deve contribuir de forma significativa para esse cenário. “Essa diminuição é resultado, principalmente, da piora da conjuntura econômica combinada com aumento de taxa de câmbio que reduz o valor dos ativos em dólar”. Prova disso é que o apetite das empresas brasileiras por aquisições se manteve estável nos últimos seis meses. Quase metade dos entrevistados (44%) afirmou que deve manter a atual política na área de Fusões & Aquisições. A única mudança se daria no número de operações no pipeline nos próximos 12 meses, o qual, segundo 66% dos executivos, deve ser revisado para baixo.
Com objetivo de garantir seu crescimento, as empresas devem investir, principalmente, em Pesquisa & Desenvolvimento e no uso inovador da tecnologia. A expansão para novos mercados e geografias ganhou importância para os empresários brasileiros ao longo do último ano. A mudança é decorrente, provavelmente, da desaceleração da economia nacional e do crescimento apresentados por outros países da América Latina. No entanto, a percepção negativa com relação ao cenário econômico brasileiro já começa a impactar as estratégias de negócio e gerar desaceleração de alguns aspectos, como a geração de novos postos de trabalho. O estudo indica que o número de executivos que espera criar vagas de empregos caiu significativamente, passando de 38%, em outubro de 2014, para 15%, em abril deste ano. No entanto, isso não deve significar aumento no número de demissões, isso porque, 72% dos entrevistados espera manter os atuais quadros de colaboradores e apenas 13% acredita que fará cortes. Em outubro do ano passado esses percentuais eram de 39% e 23% respectivamente.

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