Metade dos usuários da internet (49,8%) na cidade de São Paulo acha que as empresas utilizam os seus dados pessoais e os compartilham com outras pessoas e/ou empresas sem a sua expressa autorização. Em relação à guarda dessas informações, 72,3% das pessoas não confiam no armazenamento dos dados pelos sites que as solicitam (um aumento em comparação aos 48,7% do ano passado). No entanto, mesmo com as reservas, 87,8% dos usuários acreditam que os sites deveriam guardar os registros de acesso para auxiliar investigações de crimes eletrônicos.
Esses são alguns dos dados da 5ª edição da pesquisa O Comportamento dos Usuários na Internet, realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo, FecomercioSP. Neste ano, o levantamento, realizado no mês de maio, foi mais abrangente em seus questionamentos aos 1.000 entrevistados no município de São Paulo. São 13 perguntas a mais do que no ano passado, aumentando o número de indagações de 20 para 33. As novas questões abrangem o uso de dispositivos pessoais no ambiente de trabalho, utilização de aplicativos, a nova legislação de crimes eletrônicos (conhecida como Lei Carolina Dieckmann), arquivamento de informações para futuras investigações e compartilhamento de dados pessoais de usuários por empresas.
Dispositivos pessoais
Uma das novas questões apresentadas aos entrevistados revelou que 48,7% dos internautas utilizam seus dispositivos pessoais (computador, tablet ou celular) no ambiente de trabalho, sendo que 29,7% dos entrevistados levam dados ou informações da empresa nos seus aparelhos. Isso revela um grande problema, pois a maioria (86,4%) tem receio que ocorram fraudes ou ataques de hackers aos dispositivos.
O uso de aplicativos também foi analisado pela primeira vez, apontando que mais da metade dos internautas costumam baixar as ferramentas nos seus dispositivos pessoais (59,7%). Em relação ao perfil, os homens são mais adeptos (65,8%) dos aplicativos do que as mulheres (53,8%). Os mais jovens são os maiores usuários: entre os que têm entre 18 e 34 anos, 71,5% costumam baixar as ferramentas. Apesar do risco à segurança, 56,2% dos entrevistados utilizam aplicativos de geolocalização (como check-in ou outros que identifiquem o local em que está) no seu dispositivo móvel, revelando com quem está e o que está fazendo.
Crimes virtuais
Sobre a nova lei de crimes cibernéticos, em vigor desde abril deste ano, 66,6% dos questionados informaram conhecer, ainda que genericamente, a legislação. Contudo, apenas 16,3% acreditam que ela será suficiente no combate aos delitos virtuais. Quando perguntados em relação ao conteúdo ilegalmente espalhado na rede, a maioria dos entrevistados (65,9%) destacou que esse tipo de material deveria ser removido imediatamente a pedido da vítima, enquanto 34,1% dos questionados destacaram que só poderia ser retirado por ordem judicial. Além disso, 95,5% dos usuários acham que provedores de conteúdo devem avisar seus clientes quando receberem aviso judicial relacionado a alguma infração que cometeram.
O porcentual de pessoas que informaram já ter sido vítima ou ter alguém da família prejudicado por crime digital registrou alta, passando de 12,7%, em 2012, para 17,9% neste ano. A pesquisa apontou também que os homens continuam sendo os mais suscetíveis a essas práticas do que as mulheres: 20,6% da população masculina diz ter sido vítima ou ter familiar que já foi alvo de um crime digital enquanto 15,2% das mulheres afirmaram o mesmo. Apesar dos riscos, diminuiu o número de pessoas que utilizam alguma ferramenta tecnológica (como softwares) para evitar captação de senhas, fraudes e invasões em computadores ou outros dispositivos pessoais. Em 2012, 79,8% afirmou que usava, enquanto neste ano, apenas 65,4% empregava as ferramentas.
No ano passado, apenas 16,7% dos entrevistados consideravam que baixar filmes e músicas gratuitamente na internet, sem autorização do autor ou pagamento de direitos autorais, deveria ser considerado ilegal. Na pesquisa deste ano, 37,4% das pessoas concordou que os downloads precisariam ser avaliados como crime.
Compras na internet
Em relação às compras pela internet, 55,9% dos entrevistados confirmou realizar a ação, resultado menor quando comparado ao ano passado (62,7%). O perfil desses consumidores são de jovens (idade entre 18 e 34 anos), com maior renda (acima de 10 salários mínimos) e com nível superior de escolaridade. Dentre os usuários que não fazem compras pela internet, o fator que de restrição continua sendo o receio de fraudes, motivo indicado por 32,9% em 2013 e 61%, em 2012. Neste ano, apenas 9,5% dos entrevistados afirmaram realizar compras pelas redes sociais, contra 25,1% em 2012.
Redes sociais
A maior parte dos internautas paulistanos utiliza redes sociais (84,1%), mas houve um pequeno decréscimo neste ano, pois em 2012, a pesquisa apontava para 87,9%. A mais acessada continua a ser o Facebook (96,7%), seguida do MSN/Skype (25,6%), Twitter (23,4%) e Orkut (16,6%). Somente o Facebook registrou alta em relação ao ano passado, quando tinha 90% de adeptos entre a população paulistana, tendo as demais redes apresentado declínio. Além disso, as informações veiculadas nessas redes influenciam as decisões de compra (seja on-line ou não) de 36,3% dos internautas, porcentual menor do que o registrado em 2012 (48,6%).
A pesquisa da FecomercioSP é um levantamento estatístico que, por ser realizada com um universo mais restrito de pessoas e em uma localidade específica, monitora tendências. Os levantamentos produzem sinalizações e, por isso, são utilizados no mundo inteiro como indicadores de comportamento.