Desemprego é a maior causa da inadimplência


Pesquisa realizada pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), revela que 59% dos entrevistados no balcão de atendimento do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) estão no cadastro de inadimplentes por causa do desemprego pessoal ou de alguém da família. Em março deste ano o desemprego foi o principal motivo apontado por 51% dos entrevistados, e em setembro de 2005, de 54%. Para o superintendente de Economia da ACSP, Marcel Solimeo, esse dado coincide com o aumento do desemprego divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em agosto deste ano, que foi de 10,6 % contra 9,4% em agosto de 2005.

Pela primeira vez desde setembro de 2002 a pesquisa apontou o cheque como a principal forma de pagamento que causou a inadimplência, com 35% das respostas, contra 34% dos carnês, 18% dos cartões de crédito e 13% de empréstimos de bancos e financeiras. “Embora não se possa comparar com as pesquisas anteriores, o cartão de crédito tem sido a modalidade de pagamento que tem apresentado maior crescimento de inadimplência nos últimos meses. Entre as pessoas que estão negativas, tanto no SCPC como no UseCheque, 65% tiveram seus nomes incluídos primeiro no cadastro do serviço de proteção ao crédito”, explica o economista.

Para Marcel, quando o consumidor não consegue pagar todos os compromissos em dia, atrasa primeiro aquele onde a sanção é mais branda ou menos imediata. Como a inadimplência do cheque implica no imediato encerramento da conta, essa se torna sua última opção. O economista chama a atenção para o aumento do número de cheques sem fundos por emitente, que revela que a reincidência se constitui no principal problema com os cheques. “Isso decorre, em grande parte, do longo prazo entre a devolução na primeira apresentação e a inclusão no cadastro do Banco Central; e também do fato de que 88% dos cheques sem fundos são pré-datados”.

Dos inadimplentes que fizeram “empréstimo consignado”, 65% informaram que o utilizaram para pagar dívidas e 12 % para “ajudar a família”. “Metade dos que fizeram esse tipo de empréstimo afirmou que o mesmo foi responsável pela inadimplência. O fato é que grande parte fez o empréstimo para quitar outras dívidas. Provavelmente a maioria deles possuía um desequilíbrio financeiro anterior à tomada do crédito consignado, o qual se agravou com a redução de sua renda líquida”, avalia Marcel Solimeo.

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