Ao entrarem no mercado, é comum que as empresas pensem em estratégias para se manterem de maneira saudável e consigam estar à frente da concorrência. Entretanto, esse é um processo complexo, principalmente, para as empresas mais novas, baseadas em tecnologias, com estrutura mais leve e ágil, como são as startups. Por isso, como ressalta Carlos Souza, fundador da Veduca, é preciso investir na geração de valor com os clientes, quando se deseja ter fidelização, ainda mais quando se trata sobre a relação delas com organizações mais tradicionais. “Tem grandes empresas utilizando serviços de startups, exatamente, pelo fato de que assim elas podem focar em seu negócio principal e aí delegando a inovação, todo tipo de serviço periférico para empresas menores”, avalia.
ClienteSA: Como o desenvolvimento de novas tecnologias e da Internet criaram um ambiente favorável para a criação de startups?
Souza: Quando se fala de novas tecnologias e inovação há uma crença que toda inovação começa com uma cópia. Enxerga-se tudo o que está sendo desenvolvido ao redor do mundo e identifica na própria região e público-alvo quais são as necessidade e, a partir daquilo que já existe, copia, combina e constrói para desenvolver uma solução que seja útil. A Internet ajuda bastante nesse processo de inovação, porque por meio dela é possível tomar conhecimento de tudo que está sendo desenvolvido no mundo e conseguindo escolher determinadas soluções que funcionam em um diferente mercado ou em um diferente setor e adaptar para o próprio setor, mercado, área e, a partir daí, ir ajustando e desenvolvendo.
Qual a importância para o mercado atual ter a presença das startups?
Empresas que estão começando têm uma agilidade maior em desenvolver novas soluções e conseguem, muitas vezes, fazer aquilo que grandes empresas não conseguem. Pequenas empresas ajudarão as grandes que já estão estabelecidas, mas que não têm tempo, recursos e nem foco para experimentar. Por isso, é de suma importância. Combinando as duas, startups e grandes empresas, você consegue um máximo desenvolvimento da economia.
Antes da criação de uma startup é preciso ter mente o cliente que deseja atender?
Há, basicamente, dois modelos: um paradigma um pouco mais antigo e um pouco mais novo. No paradigma mais antigo, as empresas nascentes começavam desenvolvendo um produto ou serviço até o último detalhe e quando estivesse pronto e bem fechado iam, então, em busca de potenciais clientes que pudessem se interessar naquele produto ou serviço. O ponto positivo é que quando chega ao cliente, apresenta algo mais fechado e acerta, ele compra na hora e a partir dali a empresa começa a expandir cada vez mais. No paradigma novo, por outro lado, é uma metodologia de inovação na qual a empresa, quando começa, não gasta tanto tempo desenvolvendo uma solução final, fazendo de uma maneira mais rápida, produzindo em uma quantidade mínima e, então, mostra aos potenciais clientes, eles vão te dizer o que ficou legal ou não, o que pode ser melhorado e a partir daí entrar em uma interação. É uma maneira mais rápida de ir ao mercado e, rapidamente, já começa a gerar receita.
Quais são as melhores formas de fidelizar o cliente?
Quando se desenha um produto ou serviço, ele possui um valor para os clientes que vem de três componentes: marca, tecnologia e preço. Imaginando que todas as empresas, em um determinado mercado, têm soluções iguais ou muito similares, aquela que tiver o menor preço é a que trará maior valor aos clientes. O ponto negativo é ser um modelo facilmente copiado, porque se eu reduzo o preço hoje, amanhã meu concorrente pode igualar ou reduzir o preço também. O segundo componente é a tecnologia. Se algum player desse mercado inventa uma tecnologia nova, que ninguém tem, consegue gerar um valor adicional aos clientes e demora um pouco para ser copiado. A última forma que tem para se diferenciar é através da criação de uma marca. Quando se cria uma marca que traz valor para o seu público-alvo e esse público, ao se associar a essa marca, vai sentir um valor que será incopiável e, na minha visão, essa é a maior e melhor forma de se diferenciar no mercado. Essa é a forma mais sustentável de se gerar valor e se diferenciar no mercado, seja para as empresas grandes, mas também empresas pequenas.
Como foi o processo de criação da Veduca?
Há quatro anos, decidi sair do mundo corporativo para poder criar meu próprio negócio e decidi estudar modelos de negócio que estavam crescendo nos Estados Unidos e que ainda não havia chegado ao Brasil. Nessas pesquisas encontrei o movimento de Recursos Educacionais Livres, que é algo que começou em 2002, quando o MIT decidiu gravar e disponibilizar gratuitamente todas as suas aulas. Isso ainda não havia chegado ao Brasil. Quando vi pensei que era isso que a gente precisava aqui. Assim, montei um filme e colocamos a primeira versão dele, em março de 2012. O propósito do Veduca é democratizar o acesso à educação de alta qualidade, com cursos das melhores universidades do mundo. Em 2013, relançamos a plataforma, em parceria com a USP, e lançamos os primeiros cursos feitos no Brasil e um MBA totalmente on-line, cujo conteúdo é dados por professores da Universidade de São Paulo.