O Brasil, cada vez mais, vem investindo no desenvolvimento, procurando se tornar um país em crescimento, a fim de conseguir atingir outros patamares e passar da terceira classe para, quem sabe no futuro, chegar à primeira. Porém, também é de conhecimento que, para o país alcançar tais posições, há muito ainda a se fazer, principalmente, porque por mais que tenha aumentado as atenções à inovação, ainda é um desafio para as empresas atenderem as necessidades de mercado. “Todos nós que somos investidores sabemos que o maior problema é que o Brasil tem os maiores obstáculos para empreender, o que torna difícil investir”, explicou Rodrigo Loures, presidente da Nutrimental e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que palestrou no segundo painel do XIII Encontro com Presidentes, realizado hoje (27), em São Paulo, cujo tema era “O desafio cada vez maior de inovar e crescer”.
Segundo o presidente, são diversas as barreiras que existem hoje no país para que empreendimentos sejam realizados, mas o principal é a cultura. “A falta de cultura de inovação não favorece o desenvolvimento.” Como mudar, então? Loures é enfático: é preciso que o país saia da casca. Para isso, não há outro caminho, senão criar um cenário de incentivo para as pessoas florescerem. Ou seja, é preciso que se invista mais nas empresas jovens, já que muitas vezes são elas que trazem os novos empreendimentos aos mercados.
Para que os novos frutos nasçam, é necessário que se cultive e potencialize ecossistemas regionais de inovação, pois se sabe que não há cenários positivos de inovação em todo o Brasil, mas há células que têm condições para inovarem, e que possuem uma massa crítica para desenvolver e alavancar o desenvolvimento nacional. Assim, é preciso cuidar delas, fazê-las crescer e que tenham capacidade de classe mundial, para o mercado estrangeiro. “É preciso pensar nessas empresas, porque, se o país não as tiver, ele não se desenvolverá e não sairá da classe que está. Devemos incentivar essas células e o empreendedorismo”, ressalta.
Essas empresas com potenciais de classe mundial conseguirão se desenvolver e inovar, de acordo com o executivo, com um cenário que possua menos obstáculo e que incentive uma política pública que favoreça o empreendedorismo tecnológico, responsabilidade esta que cabe às outras organizações já presentes no mercado. “O Brasil precisa de regiões dinâmicas tanto quanto o Vale do Silício, nos Estados Unidos, e outras em Londres, Iraque e outros países”. Por essa razão, a Fiesp, em união com as universidades de Berkeley e de Stanford, ambas norte-americanas, identificou um modelo para que as organizações possam adotar e que resultem nas mudanças necessárias de incentivo no mercado, que procura favorecer: mudanças institucionais; ações coletivas e mudanças legislativa.
Sem contar que tais ações são uma necessidade para cuidar melhor das vocações no mercado, já que as empresas ainda possuem o costume de ter atenção ao incentivo somente no nível interno, utilizando próprio conhecimento, investimento e colaboração. É por essa razão que, na Nutrimental, Loures implementou o projeto de opening inovation, ou inovação aberta, que nada mais é do que destinar recursos da empresa para a promoção de ideias, projetos, processos, pesquisas e outras estratégias. O objetivo continua sendo o aperfeiçoamento dos produtos e serviços, o melhor relacionamento com o cliente e o aumento da eficiência. “A inovação ainda ocorre na empresa, mas ela cuida e aproveita de vocações externas”, explica. “Ao invés de desenvolver algo interno, convidamos outras empresas para desenvolverem seus projetos. Isso incentiva para o crescimento e inovação delas”.
Um exemplo foi o Startup Foods, que tinha como finalidades encontrar negócios que tivessem ideias para melhorar a qualidade de vida por meio da alimentação saudáveis. Ao todo, foram três mil inscritos, sendo que o trabalho fora feito com 120 deles. “É impressionante o que acontece quando se dá espaço para os jovens mostrarem as suas ideias”, declara. “Nós, enquanto empresário, podemos e devemos desenvolver duas dimensões: a cidadania empresarial, que é nos mobilizarmos para oferecemos melhorias no ambiente de negócios; e ter políticas públicas que favoreçam todos aqueles que desejam investir e desenvolver no Brasil, para que consigam encontrar espaço aqui e não necessitem sair do país. Cenário este que não temos hoje.”