Eles cresceram… e viraram clientes!

Omnichannel, e-commerce, tecnologias disruptivas, comunicação e campanhas 360°, aplicativos, integração entre online e offline, design thinking, big data. Esses são alguns exemplos das inovações que o mercado vem passando nos últimos anos, resultado de um trabalho massivo por parte das empresas a fim de estarem à frente da concorrência e na preferência do cliente. Na verdade, esse é um dos grandes motivados para os negócios procurarem por novas ferramentas, plataformas e ações. Porém, não é um consumidor qualquer, mas sim um que se faz cada vez mais presente, mostrando um poder de compra e influência muito forte. Quem são esses clientes? Os Millennials.

Nascidos entre as décadas de 80 e 90, eles também podem ser chamados de geração Y. Entre as tantas características que representam esse grupo, a mais marcante é que são os primeiros a serem considerados nativos da tecnologia. Ou seja, é o público que desde o seu nascimento tem contato com novidades e acompanhou o surgimento de tantas outras. Da mesma forma, é o primeiro que tem o uso da Internet desde cedo, sendo muito mais apegado à vida virtual. Tanto é que já não se pode falar dos milênios sem atrelá-los ao mobile. Segundo uma pesquisa do Yahoo, os jovens com idade entre 13 a 24 anos são os que lideram o engajamento de aplicativos no Brasil. “Descreveria essa geração como muito engajados no ambiente mobile e também como sendo a primeira geração mobile”, afirma Christina Choy, gerente de pesquisa de mercado do Yahoo. 

Porém, ele teria todo esse poder mesmo? Se for falar em números, é esperado que, neste ano ainda, ele represente 44% do mercado brasileiro, correspondendo a R$ 268 bilhões em consumo. Outra estimativa é que, até 2017, eles consumam o equivalente a US$ 200 bilhões por ano, somente no mercado norte-americano. Ou seja, são clientes não só com força, mas cujo interesse pelo consumo é grande. Além disso, é um grupo que está em uma fase de transição. Ao mesmo tempo em que induzem mudanças nas gerações anteriores, fazendo com que eles acompanhem seu comportamento. Prepara o mercado para as gerações seguintes, que também já nascem em contato com a digitalização e conectividade.

Assim, são sim uma parcela significativa para as empresas e que requer muita atenção. Principalmente, porque os negócios estão encarando uma forma de contato e de relacionamento até então não conhecida. Para eles, mais do que produto ou serviço, o essencial é a vivência. “Suas decisões são baseadas em escolhas e experiências pessoais. Pra quê gastar em um bem novo, se posso conseguir um seminovo com um valor mais acessível? Alugar, compartilhar, renovar, a relação de consumo mudou com esta nova geração. Agora são eles que ditam as regras”, comenta Carlos Eduardo Rosas, diretor de operações da Wdev. De acordo com o executivo, o consumo desse público tende a ser mais consciente e sustentável, temas que “a geração anterior não davam tanto valor”. E alerta: “é preciso se adequar a todas essas mudanças, pois são os novos formadores de opinião”.

São também consumidores pouco apegados às marcas. Consequência, em parte, da grande quantidade de marcas disponíveis. Sendo assim, conquistar sua atenção e fidelidade é um grande desafio. “Sem dúvida nenhuma, a geração Y está impulsionando uma importante transformação no relacionamento entre empresa e cliente, que será seguida pelas próximas gerações”, prevê Laurent Delache, vice-presidente da Aspect Latam. Conquistar esse cliente será em aspectos não materiais. O especialista em vendas e marketing, José Ricardo Noronha, explica que os millennials vivem intensamente a era dos valores. Desejam imensamente, por meio de suas ações, participar da construção de um mundo melhor. “Quem é dessa geração tem esse desejo e crença de que se pode verdadeiramente causar um impacto positivo no mundo”, diz. Já as marcas que também incutirem esse conceito na sua estrutura e passarem a expor seus valores, ações e conscientizações socioambientais ganharão mais atenção. “Os clientes, principalmente os mais jovens, querem se relacionar com empresas com as quais eles se identifiquem. Congruência entre os valores, princípios e ideais, propósito e missão.”

Como se pode ver, não são somente os clientes que estão mudando. Eles se desenvolvem e fazem o mesmo com as empresas, que seguem seus anseios para atendê-los. Por outro lado, esse é um caminho que está cada vez mais veloz. “Daí a rapidez com que as empresas começam a procurar entender sobre temas como big data e transformação digital dos negócios”, analisa Matthew Gharegozlou, vice-presidente para América Latina e Caribe da Progress. Por mais que se diga que esse é um nicho menos fiel, o executivo lembra que eles ainda estão descobrindo seu poder de compra. E, com o tempo, as marcas que já possuem um bom relacionamento com os Y, no futuro, serão as mais amadas. “Preparar o mercado para esta geração irá preparar melhor a sua marca para a próxima.” 


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