Autor: Jhonata Emerick
Se há um setor que, definitivamente, não entrou na lista da crise, este atende pelo nome de e-commerce. Que deve fechar 2015 com um surpreendente faturamento de R$ 43 bilhões, segundo o e-Bit. A necessidade aliada ao vício de teclar e ficar antenado a tudo o tempo todo está fazendo o brasileiro descobrir um novo meio de consumir, por meio dos aplicativos, sobretudo de produtos e serviços. Se depender dos números, as empresas podem se preparar para atender esse público potencial de consumo digital: no ano passado foram vendidos no Brasil mais de 50 milhões de smartphones e hoje mais da metade da população está conectada à internet.
De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações, a Anatel, a cada segundo a empresa registra 1,8 novo pedido para acionar linha de internet. São 180 milhões de conexões ativas, número que não representa o total absoluto de conectados, já que muitas pessoas têm múltiplos acessos à rede mundial de computadores, seja em casa, no trabalho, pelo celular ou pelo tablet. Se continuarmos nesse ritmo, o Brasil deverá ultrapassar este ano o Japão e se tornar o 4º país com o maior número de acessos à rede. Serão 107,7 milhões de usuários, conforme projeções da consultoria eMarketer, número que deve chegar a 126 milhões em 2018.
Esse boom da internet é que fez o Brasil decolar na indústria de aplicativos, que atualmente movimenta US$ 25 bilhões anuais, com expectativa de alcançar US$ 70 bilhões em 2017, de acordo com projeção do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). As duas principais app stores, Google Play e App Store, acumulam quase três milhões de softwares, onde destacam-se aplicativos de games, entretenimento, educação, lifestyle e negócios, impactando diretamente no O2O (Online to Offline). Embora o termo à primeira vista não pareça popular, ele é parte de uma operação multicanal, que se adapta às demandas de conveniência do cliente e proporciona economia de custos para as empresas, associada aos consumidores.
Um bom exemplo de O2O, que vem despertando o gosto do brasileiro, é o serviço de delivery online, seja pela comodidade de realizar pedidos de casa, evitando filas e o trânsito, a dificuldade de encontrar uma vaga de estacionamento e até mesmo a questão da insegurança, colocando o consumo digital cada vez mais em evidência. No entanto, ainda é muito comum associar delivery à alimentação. Não é para menos, afinal, segundo dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), estima-se que o setor movimente em torno de R$ 9 bilhões este ano. Embora ainda menos explorado, esse mercado é diversificado e permite realizar entregas de diferentes perfis, desde farmácias, pet shops, decoração, papelaria, artigos esportivos, lavanderia, até materiais de construção e autopeças, só para citar algumas das muitas possibilidades, que pode aproveitar a malha de 1,2 milhão de motoboys do País.
Diante deste setor ainda pouco explorado, os serviços delivery podem também ser uma boa oportunidade de negócios O2O. No Rio de Janeiro, por exemplo, é possível aproveitar a demanda dos turistas e a boa mobilidade para prestar serviços mais eficientes. Já em São Paulo, as entregas podem ser associadas à logística, prezando pelas rotas e pelo tempo de distribuição. Lembrando sempre que cumprir o prazo estabelecido entre cliente e empresa é fator decisivo para fidelizá-lo. Além disso, oferecer entrega em domicílio em horário alternativo, não comercial, é vantajoso para as empresas ampliarem a cartela de clientes, atendendo a demanda de quem deixa para resolver pendências pessoais no fim do expediente ou de madrugada.
O fato é que conforto e acessibilidade são as palavras da vida moderna. Novas plataformas surgem no mercado, inclusive com a proposta de se transforarem em um concierge pessoal de deliveries, mostrando que o consumo digital está se diversificando, se inovando e se reinventando para que nosso dia a dia seja cada vez mais prático e tenhamos mais tempo para se preocupar com o que realmente importa: ser feliz.
Jhonata Emerick é CEO e fundador da 99Motos