Em sintonia com os clientes

Autor: Leonardo Barci
Era uma vez uma menina em uma aldeia distante que perdeu seu pai ainda muito nova. Inconsolável, ela resolveu procurar o sábio local e perguntar como fazer para que aquela dor fosse embora. O sábio olhou ternamente para a criança, estendeu sua mão e a convidou a acompanhá-lo em uma caminhada. Parando na primeira casa que encontrou, o sábio perguntou à pessoa mais velha de lá se ela já havia perdido alguém querido. Depois de ouvir a história, eles agradeceram e seguiram assim por toda a aldeia.
Ao final, o sábio perguntou para a menina o que ela tinha aprendido. “Não encontramos ninguém que nunca tenha perdido uma pessoa querida”, disse ela. Essa fábula tem sido contada por gerações com o intuito de nos ajudar a lidar com algo tão frágil quanto nossa própria existência.
Recentemente, fui ao cinema com minha esposa, minha filha e uma amiga para assistirmos ao filme indicado ao Oscar, “Viva – a vida é uma festa”, da Disney-Pixar. Mais do que um simples entretenimento, o filme é uma lição de vida.
Saí da sala de cinema me perguntando qual é o impacto que uma empresa pode gerar em seus clientes. Afinal, se consideramos que o filme é um produto/serviço que foi criado, produzido e entregue por uma empresa a seus clientes, então estamos ainda dentro da seara do relacionamento entre empresas-clientes.
Em um ambiente onde nem mesmo as pessoas sabem por que fazem o que fazem, quiçá as empresas. Empresas que fazem a diferença são aquelas que têm, em primeiro lugar, uma compreensão clara sobre seu papel no mundo.
Vivemos um momento onde são urgentes valores humanos básicos, como compaixão, respeito e aceitação, entre outros. Sem esses valores, nenhuma empresa, nenhuma nação é capaz de sobreviver. As dores existenciais são inerentes a todo ser humano. Somos mais parecidos entre si do que podemos imaginar.
Quando um estúdio de cinema tem a coragem de tratar de um tema tão delicado e incompreendido como a morte de maneira tão aberta, ele está, no mínimo, disposto a ouvir críticas. E somente estando aberta a acertar e errar é que uma empresa pode evoluir. A perfeição vem da prática e não do acerto.
O desafio é que para chegar à perfeição é necessário que a empresa assuma a responsabilidade por suas dores. Aquelas que ela passou e que também produziu em seus clientes. Somente a partir dessa aceitação do erro e do acerto em si mesma é que uma empresa evolui. Assim como na fábula, não existe empresa que nunca tenha passado por algum tipo de perda ou dor. O que nem mesmo as fábulas nos ensinam é como lidar com essas dores. Se os filmes nos mostram algo, é que as lágrimas são um bálsamo que lava o coração e a alma dos males cometidos. Sem esse reconhecimento, pouco evoluímos, seremos eternas crianças buscando a solução mágica para nossas dores.
Leonardo Barci é CEO da youDb.

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