O Brasil é considerado um dos dez países líderes em empreededorismo no mundo, segundo relatório do GEM (Global Entrepreneurship Monitor). Por outro lado, estudo do Banco Mundial coloca o Brasil em 125º lugar entre 181 países em “facilidade de fazer negócios”, critério medido por atributos como facilidade em abrir e fechar uma empresa, obter crédito e fazer valer contratos. “A verdade é que para o empreendedorismo qualificado, o Brasil ainda gera pouquíssimo estímulo”, diz Marcos Piccini, sócio-diretor da Piccini & Fumis Consulting and Management. “A maioria dos cérebros brilhantes do país é atraída por grandes empresas, que oferecem condições atrativas”, completa.
Porém, esses mesmos cérebros, quando indagados quanto a um sonho de vida ou carreira, respondem: “Abrir um negócio próprio”, e ainda assim, apenas uma mínima quantidade deles tem coragem de colocar esse sonho em prática, de acordo com Piccini. Para compreender essa discrepância no ranking do empreendedorismo, segundo o executivo, é preciso analisar os três tipos de empreendedores existentes no Brasil: os sem oportunidade, os oportunistas e os que “pensam grande”.
Os empreendedores sem oportunidade são aqueles que por não terem chance no mercado de trabalho, acabam encontrando no empreendedorismo a única solução digna de sobrevivência. “Pouco qualificados, muitos fracassam ou gerem o negócio com o único objetivo de sobreviver, causando assim pouco impacto econômico”, explica Piccini. Eles são os principais responsáveis pela décima posição do Brasil no ranking dos países líderes em empreendedorismo no mundo, uma vez que a pesquisa é feita tendo como critério o número de indivíduos que possuem empresa no país.
Os empreendedores oportunistas possuem geralmente qualificação e ambição superiores, mas encaram a atitude empreendedora como uma “tacada de sorte”. Para eles, o sucesso se dá pela constante busca de oportunidades pontuais e pela agilidade e coragem em “investir” nelas. “O problema é que o oportunista não está preocupado em construir um negócio duradouro e o seu vínculo é puramente financeiro – com o objetivo de extrair o maior valor possível daquela oportunidade em curtíssimo espaço de tempo. Logo depois, ele parte para a próxima”, esclarece o consultor.
Já os empreendedores que pensam grande são indivíduos realmente diferenciados, não necessariamente pela qualificação, mas pelo caráter e comportamento. São indivíduos que carregam consigo uma enorme ambição e entendem o valor de construir algo sólido e sustentável. Eles esperam maior suporte do governo, porém não justificam suas dificuldades pela ausência destes, e seguem lutando incansavelmente por seu espaço no mercado, crescimento, desenvolvimento e sucesso duradouro. “É desse tipo de empreendedor que o cenário econômico brasileiro precisa. Farão de seus negócios estruturas realmente diferenciadas e de grande impacto na economia do país. Gerarão empregos, oportunidades e inovação”, alerta Marcos.