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Entre bits e bytes, o cliente



O Brasil apresenta uma das maiores taxas de uso de blogs, sites de comunidades (Orkut, MySpace, Facebook) e de criação de conteúdo coletivo na Internet mundial. Diante desse cenário, as empresas de pesquisa precisam estar preparadas para coletar e analisar as opiniões geradas pelos consumidores nesse ambiente, caso contrário, podem perder espaço para empresas oriundas do segmento de tecnologia. Esta é uma das conclusões do paper “Blogs e Comunidades Online: pesquisa 2.0?”, apresentado pelo Ibope Inteligência no 3º Congresso Brasileiro de Pesquisa.


“Uma parcela crescente do uso da Internet foge da lógica do modelo de transmissão de um para muitos e passa a ser baseada na transmissão de idéias, opiniões e conteúdo de muitos para muitos, constituindo-se em um rico espaço de informações sobre o comportamento dos consumidores e a atitude dos mesmos em relação às marcas”, afirma Marcelo Coutinho, autor do estudo e diretor de análise de mercado e de novos negócios do Ibope Inteligência.


Segundo o executivo, diversas empresas nos EUA e na Europa já estão utilizando blogs e comunidades para afinar a linha de comunicação, ou mesmo desenvolver novos produtos. O Ibope entrevistou 14 gestores das áreas de marketing e comunicação de empresas brasileiras e verificou que esta prática já começa a aparecer ´no radar´ das empresas nacionais, embora não tão consolidada quanto nos países onde a penetração da Internet é mais elevada. De acordo com pesquisa do Comitê Gestor da internet no Brasil, divulgada no início de abril, cerca de 40 milhões de brasileiros utilizam a rede regularmente. Deste total, 64% participam de sites de comunidades e 13% criam ou atualizam blogs.


O Brasil, como líder em horas de utilização da Internet em domicílio, oferece muitas possibilidades para o desenvolvimento da pesquisa na web via observação desse tipo de site. Entretanto, por força da tradição, anunciantes, institutos e agências de publicidade assumem uma postura de controle em relação às pesquisas, pautando questionários e formatos, de acordo Coutinho. No cenário digital que vem se esboçando, contudo, um único consumidor bem articulado pode colocar “no centro do palco” problemas, percepções e questões que sequer constavam nos briefings das empresas de pesquisa.


“Existe muita resistência em experimentar novas metodologias e buscar novas práticas que não sejam necessariamente qualitativas ou quantitativas, mas uma mistura de ambas”, afirma o diretor do Ibope Inteligência. Segundo o executivo, essa resistência pode repetir o fenômeno visto no segmento de geração de conteúdo, no início dos anos 90, quando as empresas jornalísticas acreditavam na idéia de que, como produtoras de conteúdo, estavam em posição privilegiada para usufruir das vantagens da web.


Na opinião de Coutinho, essas empresas demoraram para compreender que o mundo digital exige mais que um simples replicar de modelos de negócios tradicionais e, com isso, perderam a posição privilegiada para empresas como Google, Microsoft, Facebook e outras. “Com a explosão de conteúdo houve uma valorização da capacidade de organizá-lo, mas não da capacidade de geração desse conteúdo, que cada vez mais fica por conta do usuário”, analisa Coutinho. “No fundo, estamos falando de coletar e analisar bits e bytes em um formato que pode parecer estranho para quem tem mais de 40 anos, mas é absolutamente natural para um adolescente”, conclui.

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