Tais quais as pessoas que já não são mais as mesmas, as relações delas com as empresas que consomem também não são. Mais preocupadas e interessadas com o convívio e proximidade de seus contatos, elas não querem mais sentir que são apenas peças para que um negócio consiga ganhar dinheiro e prosperar. Além disso, a geração de valores e laços mais pautados no emocional são cada vez mais valorizados. Segundo Silvana Torres, presidente da Mark Up, “as relações puramente comerciais estão enfraquecidas e essa é uma realidade globalizada”. Por conta disso, cresce no mercado uma visão mais humanizada nesse contato entre empresa e cliente. Algo que promete mudar o mercado para o futuro. Em entrevista exclusiva à ClienteSA, a executiva detalha mais sobre essa forma de se relacionar.
ClienteSA: Como a atual situação da sociedade propiciou a transformação para esse marketing mais humano?
Silvana: O marketing, cada vez mais, tem assumido o papel de procurar oferecer para os consumidores experiências exclusivas com as marcas. Porque o consumidor ficou mais exigente e somente oferecer um produto de qualidade é pouco. Assim, o papel do marketing nesse processo de humanização das relações é fazer com que os clientes tenham todas as suas necessidades preenchidas e possam, além de tudo, garantir um consumo consciente e completo. Ao adotar essa filosofia as empresas permitem que haja uma mudança no olhar dos consumidores, que mudam a perspectiva. Na realidade, as pessoas querem hoje experimentar o novo, vivenciar sensações. Nesse sentido, as marcas não podem mais falar apenas de si e deduzir o que nós consumidores queremos.
Como a empresa pode passar a ter um marketing mais humanizado em suas estratégias?
A empresa pode agir dessa maneira, incorporando conceitos de humanização na filosofia da corporação como um todo. Não é possível imaginar que você vai passar esse conceito na sua comunicação, se a empresa, internamente, não tiver esse DNA. Essa é uma filosofia que se incorpora e tem que ser de dentro para fora. O sucesso nessa empreitada depende diretamente do abandono de uma mensagem complexa, fria, racional e comercial. Para estabelecer uma nova comunicação, que se mostre mais atraente, simples, interativa e próxima da realidade das pessoas. Essa é a tendência para as empresas modernas, que desejam vender e, ao mesmo tempo, criar identificação do público consumidor com sua marca, cultura e valores.
Uma das definições do H2H é explicar mais simples situações complexas, como um negócio pode, então, fazer esse processo?
O gestor de marketing H2H deve entender as necessidades de seus clientes e saber como eles falam, do que gostam, como sentem, o que pensam e de que forma eles querem ser tratados. A pesquisa é um ponto estratégico para captar essas informações. Nesse contexto, as redes sociais aparecem como ótimas ferramentas para determinar perfis de clientes em potencial. É preciso estimular o sentimento de participação e protagonismo dos consumidores nas práticas de H2H. O objetivo é oferecer uma verdadeira integração do cliente com a empresa. As campanhas desse tipo de marketing procuram explicar, orientar e fazer com que os consumidores entendam o produto, a proposta e o objetivo maior da empresa. Algo que vai muito além do interesse comercial.
Há algum exemplo ou case de sucesso que queira citar?
A Mark Up há três anos desenvolve o projeto Giro pela Vida, do Instituto Avon, para o mês de conscientização sobre o câncer de mama, o Outubro Rosa. Na última edição, um dos principais cartões postais da cidade, o Parque do Ibirapuera, recebeu uma roda-gigante iluminada de cor-de-rosa para chamar a atenção de quem transita por ali para a causa. A novidade para 2015 foi a ação de encerramento: uma caminhada de três quilômetros em torno do parque. O objetivo da programação, além da conscientização, é despertar a população para a importância da detecção precoce da doença e dar apoio à mulher e à família que enfrenta o problema. Além disso, as mulheres que visitaram o local, que tinham mais de 40 anos, puderam também realizar mamografia gratuita, mediante distribuição de senha, em um laboratório móvel do Hospital do Câncer de Barretos. Em 2015, o projeto atingiu cerca de 60 mil pessoas na roda e três mil na caminhada.