Estímulo à legalidade via preços exclui Office

Ainda não foi desta vez. Mas a Microsoft promete, muito em breve, estender ao Office, segundo produto da marca mais pirateado, depois do sistema operacional Windows, o Programa de Vantagens do Windows Original. Lançado na manhã desta quarta-feira, em São Paulo, em coletiva de imprensa, ele concede descontos de 5 a 70% na compra de 16 aplicativos, de uso profissional aos jogos, passando pelo antivírus.

A estratégia, segundo o gerente geral da empresa no País, Emílio Umeoka, tem endereço certo: usuários domésticos, micro e pequenas empresas. “Na maioria, eles não dispõem de recursos para bancar o preço cheio e, com isso, ficam bem mais sujeitos à prática de alguns integradores, que equipam as máquinas vendidas com programas ilegais”, justificou o executivo.

Esquema de denúncia
Contra os integradores que infringirem a lei a Microsoft pretende usar como arma, além dos descontos na aquisição legal dos produtos (os mais altos são concedidos pelos distribuidores credenciados da marca) o próprio usuário lesado. É que, para ter acesso às novas tecnologias, atualizações e suporte técnico para os aplicativos já instalados, ele terá de validar a cópia do Windows, 2000 ou XP, via Internet. “Se não conseguir fazê-lo, por se tratar de produto pirateado, terá a opção de denunciar, em relatório, a revenda que vendeu a máquina, além de solicitar à Microsoft facilidades na legalização do aplicativo”, sugeriu Dinis Couto, gerente geral da Divisão Windows Client no Brasil.

A denúncia, assim como todas as informações fornecidas pelo usuário, no contato com a Microsoft, são sigilosas e, segundo Orlando Ayala, vice-presidente sênior da área de pequenas e médias empresas e parceiros no Brasil, não implicam o mais mínimo desrespeito à privacidade dos consumidores, conforme parecer de auditores norte-americanos.

O Programa de Vantagens do Windows Original, cujo conteúdo e regras são explicados com riqueza de detalhes no site www.microsoft.com/brasil/original , já foi lançado nos Estados Unidos, Canadá, República Tcheca, Rússia e China. Agora, antes de alcançar, nos respectivos países, os usuários que falam 20 outros idiomas, chega à América Latina, entrando pelo Brasil, onde ficará em fase de teste, até ganhar formato definitivo, daqui a seis meses, ouvidas as sugestões dos próprios usuários.

Campeões da pirataria
A escolha do País como porta de entrada para o continente latino-americano tem razão de ser: de longe, este é o país onde a pirataria se mostra mais intensa, explica Umeoka. Com base em estudos da Abes (Associação Brasileira de Software), ele calcula que 20 milhões de computadores no mundo, dos quais 3,2 milhões no Brasil, saem da linha de montagem sem Windows, o que pressupõe, mais tarde, a instalação de programas pirateados ou software de livre distribuição.

Contra a pirataria, ainda usando números da Abes, Umeoka voltou a esgrimir com a geração de receita e empregos. “Hoje, no Brasil, 61% dos programas que rodam em computadores são falsos. Se houvesse uma redução de dez pontos percentuais nesse índice, seriam arrecadados mais US$ 6 bilhões em impostos, criando-se 13 mil postos de trabalho”, argumentou.

Office é promessa
“Por enquanto, ainda não podemos dizer nada a esse respeito e nem falar de prazos, concretamente. Mas a Microsoft já estuda uma forma de também beneficiar os usuários legais do Office”, acenou Couto, em resposta à colocação, da imprensa, de que a empresa frustraria os usuários do mais conhecido pacote de aplicativos de uso profissional.

De qualquer modo, o Programa Windows Original, segundo ele, Umeoka e Ayala, é a ação de maior impacto e mais abrangente de todas já deflagradas pela empresa de Bill Gates no combate à pirataria. “Ao mesmo tempo que estimula o uso de cópias legais, o programa premia, com justiça e fideliza aqueles que sempre evitaram usar programas falsos”, resume o executivo.

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