Jovem adulto, com 35 anos, eu era diretor de uma empresa e tinha um dilema tributário a época. Vivíamos um inflação galopante e precisava tomar algumas decisões sobre tributos devidos nas vendas a prazo. Consultei um tributarista, que na época deveria ter um 65 anos, para me ajudar nesse dilema. Com sua experiência de muitos anos na área, ele ofereceu um consultoria rápida de 10 horas. Embora o valor era alto, acabei aceitando e ele executou o trabalho. Com aquela consultoria de 10 horas, a empresa acabou economizando centena de milhares de dólares durante todo tempo que perdurou a alta inflação, obtendo um resultado extraordinário e seus balanços. Esse caso aconteceu nos anos 90.
Nesse período, valorizamos as pessoas mais velhas tanto por sua formação acadêmica quanto pelo seu “notório saber. Era um respeito pela vida vivida e pela experiência adquirida. Apenas conversar com ao mais velhos, ouvindo seus “causos”, já nos transformava em pessoas melhores. Esse tempo passou, infelizmente.
Eu também era respeitado. Comecei a trabalhar com 14 anos formalmente. Trabalhava em um banco e meu primeiro cargo era de “estafeta”: mais conhecido com o último elo da cadeia alimentar organizacional. Mesmo novo, meu chefe, bem mais velho, me respeitava e me ajudava a aprender e subir na carreira. Em 6 anos, já era subgerente de um dos principais bancos do Brasil.
Na complexa teia da sociedade contemporânea, um problema silencioso mas profundamente arraigado vem à tona: o etarismo. Esta forma de discriminação baseada na idade é mais do que um mero conflito geracional; é uma questão ética que revela as fissuras sociais subjacentes. O etarismo lança luz sobre como os valores éticos de igualdade, respeito e justiça podem ser comprometidos quando a idade se torna um critério de avaliação.
O Etarismo: Um Olhar Ético
O etarismo é a manifestação do preconceito e da discriminação com base na idade de uma pessoa. Assim como outras formas de discriminação, o etarismo tem implicações profundas para a dignidade humana e os direitos fundamentais. A ética, que busca orientar o comportamento humano em direção ao respeito mútuo e à igualdade, é claramente desafiada quando as pessoas são discriminadas com base no tempo que passaram na Terra.
Impactos Éticos e Sociais
A discriminação por idade se manifesta de diversas maneiras, desde a negação de oportunidades de emprego até a exclusão de indivíduos mais velhos de decisões importantes. O etarismo pode levar a uma percepção de desvalorização, minando o senso de pertencimento de pessoas de todas as idades. Além disso, ele tende a perpetuar estereótipos negativos, alimentando a divisão entre gerações e corroendo os laços sociais.
Desafios no Mundo do Trabalho
No âmbito profissional, o etarismo se torna particularmente evidente. Indivíduos mais jovens podem ser considerados “inexperientes” demais para assumir responsabilidades, enquanto os mais velhos podem ser vistos como “obsoletos”. Esses preconceitos não apenas afetam as oportunidades de carreira, mas também minam a capacidade das organizações de aproveitar plenamente a riqueza da experiência diversificada de seus funcionários.
A Ética do Respeito e da Inclusão
A ética, no cerne, prega a igualdade, a justiça e a compaixão. Combater o etarismo é uma extensão natural desses princípios. Isso exige uma profunda reflexão sobre como enxergamos e valorizamos as diferentes idades. Tratar os outros com respeito, independentemente da idade, é um passo fundamental para criar uma sociedade mais ética e inclusiva.
Educação e Mudança Cultural
A educação desempenha um papel fundamental na luta contra o etarismo. Promover a conscientização sobre os impactos negativos dessa forma de discriminação é um primeiro passo. Escolas, instituições e a mídia desempenham um papel importante ao desafiar estereótipos e destacar histórias de sucesso de pessoas de todas as idades.
O etarismo é mais do que uma questão geracional; é uma questão ética que nos obriga a refletir sobre nossa responsabilidade de tratar todas as pessoas com dignidade e respeito, independentemente da idade. Romper as barreiras do etarismo exige uma mudança cultural profunda, impulsionada por valores éticos sólidos. Somente através do compromisso com a igualdade, inclusão e empatia podemos criar um mundo onde a idade não seja um fator de discriminação, mas um motivo para celebração da diversidade humana.
Da mesma forma que você não quer que a corrupção se aproxime dos seus negócios, não deixe o etarismo se instalar na sua organização. Além de antiético e imoral todos perdem com isso.
Xiko Acis | Provocador
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