O mercado de TI está repleto de nomenclaturas, siglas e outras denominações para designar produtos e aplicações. Porém é preciso ter responsabilidade na hora de propagar exatamente o que se é capaz de fazer. O risco que se corre ao usar o termo de forma equivocada, apenas para passar um diferencial de mercado, pode diminuir os créditos reais de um serviço com verdadeiro valor agregado.
Um exemplo clássico é o uso do termo Fábrica de Software. Hoje, o uso deste termo para aparentar grau de maturidade maior do que realmente se tem coloca este serviço em risco de credibilidade. Ao ver realmente o que é anunciado como Fábrica de Software não será surpresa encontrar algumas dezenas de Fábricas de Programas. Ou seja, fábricas dedicadas exclusivamente para a codificação, diferente da função exata que seria a construção de uma solução personalizada para determinados clientes.
Uma Fábrica de Softwares deve possuir atributos de Fábrica Industrial na qual o objetivo principal é a geração de produtos específicos às necessidades dos usuários, com custo competitivo e, principalmente, com riscos de falha zero. Além disso, é preciso ter núcleo de planejamento que vai desde um projeto físico, passando por projeto lógico até a codificação do programa com sua total documentação.
Abaixo estão alguns dos requisitos para ser uma verdadeira Fábrica de Softwares:
– Equipe sempre atualizada e capacitada com novas e melhores tecnologias para o desenvolvimento dos produtos;
– Processos e padrões definidos para o desenvolvimento dos produtos;
– Possuir mecanismos e processos para garantir a qualidade dos produtos;
– Possuir um gerenciamento da interface com o usuário e/ou clientes, tanto para o recebimento da solicitação, como acompanhamento e entrega do produto solicitado (Sistema de Gestão de Demandas);
– Possuir um processo de planejamento e controle da produção;
– Controlar todos os itens de software (documentos, metodologia, procedimentos, ferramentas e código);
Dentro deste universo um novo cenário se mostra próximo: diferenciar Fabrica de Abap de uma Fábrica de Software. E a diferença está na qualificação dos profissionais. Quando se falar em Fábrica de Abap é preciso entender que o profissional terá foco nas tecnologias e linguagens que abrangem o MySAP, que tem como linguagem nativa o ABAP. Ou seja, a Fábrica de Abap deve fornecer maior segurança e garantia de um produto de qualidade e com risco zero como a Fábrica de Software, mas com o adicional de contar com tecnologia de ponta quando nos referimos ao MySAP.
O termo Fábrica de ABAP, em pouco tempo, será substituído pelo termo Fábrica Netweaver, que hoje obrigatoriamente abrange todos os produtos (Abap e Java) e clientes com origem no MySAP. Então será mais uma prova dos nove para perceber se o mercado terá responsabilidade no uso de termos para não colocar em xeque a credibilidade de produtos e serviços.
Giovany Archanjo de Oliveira é coordenador da Fábrica de Software da BBKO Consulting.