Falta de otimismo


O consumidor está menos otimista, tanto em relação à situação atual quanto à expectativa para o futuro. É o que aponta o Índice de Confiança do Consumidor, calculado pela Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) na região metropolitana de São Paulo. Em junho, o ICC teve queda de 0,8% ante maio e registrou 133,1 pontos. É o menor resultado em nove meses e a quarta queda consecutiva. O indicador varia de 0 a 200 pontos, apontando otimismo acima dos 100 pontos e pessimismo abaixo desse patamar.

Segundo a assessoria econômica da Fecomercio, as turbulências políticas, ao lado de uma economia arrefecida pelos juros altos, apontam para uma queda no consumo privado para os próximos meses. Essa trajetória pode se agravar ainda mais se a alta dos juros não cessar. Os economistas ressaltam ainda que o consumidor já está bastante endividado e os níveis de inadimplência se mostram muito altos. “Não há mais espaço para impulsionar o consumo apenas com base na oferta de crédito, enquanto se adota uma política monetária restritiva. Está na hora de buscar um mecanismo de controle da inflação que não puna o consumidor”, afirma Abram Szajman, presidente da Fecomercio.

O grupo que mais contribuiu para a queda no ICC de junho foi o de consumidores com renda superior a dez salários mínimos. Esse segmento teve retração de 3,7%, atingindo 139,7 pontos. Segundo a assessoria econômica, o dado reflete uma percepção mais atenta dessa camada da população em relação às turbulências político-econômicas por que passa o país.

Já os consumidores com ganhos inferiores a dez salários mínimos estão mais otimistas. Houve alta de 1% para esse grupo. A elevação foi puxada pela sensação em relação ao momento atual, com alta de 4,4% para esse segmento, atingindo 109,6 pontos. O dado, dizem os economistas da Fecomercio, pode ser explicado pelo aumento real do salário mínimo em maio.

Entre os consumidores em geral, a percepção quanto à situação presente teve queda de 1,8% neste mês, passando para 113,9 pontos, enquanto a expectativa quanto ao futuro apresentou variação negativa de 0,2% (145,8 pontos). Para os economistas da entidade, os indicadores refletem que o consumidor está cada vez mais reticente quanto às promessas para o futuro e não vêem nenhuma melhora na situação econômica presente.

Neste mês, os homens se mostraram menos otimistas do que as mulheres. Enquanto eles tiveram retração de 2%, elas mostraram alta de 0,5%. Já em relação à idade, a confiança dos mais jovens – com menos de 35 anos – caiu 1,1%, enquanto a do grupo com mais de 35 anos subiu 0,6%.

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