Gerenciamento de TI transgênico?

Toda esta balbúrdia em torno dos alimentos transgênicos tem origem em um único fato, expresso pela famosa máxima “deixe estar para ver como fica” – atitude típica de nós, brasileiros. Posturas como essas causam urticárias porque, na maioria das vezes, a pouca importância dedicada a assuntos delicados como este provocam conseqüências posteriores quase inadministráveis e com efeitos desastrosos para a sociedade, cada vez mais globalizada e, portanto, cada vez mais sensível a qualquer movimento em qualquer lugar do Globo.
Mas o quê tem isto a ver com gerenciamento de TI? Muito, analogamente. Quando os ambientes distribuídos começaram a se tornar algo importante para as empresas, principalmente por seus custos serem muito mais convidativos que os de ambientes mais robustos (UNIX, Mainframes), pouca atenção foi direcionada ao “modus operandi” desta, então, maravilhosa novidade. Tudo era inovação e o principal apelo era alto benefício com investimentos menores – fato que, na essência, é uma verdade, mas na prática, a realidade mostrou-se cruel durante vários anos. Creio que em nenhum outro segmento o marketing foi tão criativo para vender soluções como no campo da Tecnologia da Informação. A clientela, por sua vez, ofuscada por tantos refletores, negligenciou a estratégia, o planejamento e as métricas da velha relação “custo x benefício”.
Ainda hoje prega-se insistentemente a profilaxia, isto é, aplicar alternativos depois do problema. A verdade é que raramente encontra-se o espírito investigativo e pesquisador para, similarmente à comunidade geneticista, identificar qual é a causa e não apenas tratar o efeito. Há tanto enraizamento em conceitos ultrapassados que, fosse possível, seria preciso encomendar a decodificação da cadeia genética dos processos na prática de serviços de TI para averiguar se há algum gene defeituoso; o que seria uma ironia considerando que o genoma humano jamais teria sido decodificado sem a ajuda da informática. E é exatamente desta forma que os serviços de TI vêm subsistindo. Como a vocação é resolver problemas (dos outros), muitos se esquecem de reavaliar a si mesmos sistematicamente quanto a sua posição no contexto das corporações. É bem verdade que ultimamente esta visão tem se ampliado em discussões congressistas, mídia e seminários. No entanto, ainda não há um equacionamento claro e preciso desta relação.
Que nenhuma empresa sobrevive sem a TI é uma realidade tão contundente quanto a necessidade dos transgênicos para abastecer o mercado de alimentos. Mas onde está a investigação responsável e objetiva? Onde está o estudo antecipado da aplicabilidade e de seus resultados esperados? Onde está a ética? Entretanto, há algo incontestável, sem necessidade de pesquisa alguma: Tecnologia, Método e Recurso Humano jamais podem caminhar sem sincronismo, com responsabilidades equânimes e mutuamente indispensáveis.
Waldir Ubirajara Hadad é gerente de Operações da Beacon Planned Networks, especializada em gerenciamento de aplicações, networking e cabeamento estruturado.

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