Autor: Francisco I.R. Ramirez
É hoje sabido e divulgado em meios acadêmicos e empresariais que as organizações multinacionais no Brasil são uma excelente fonte de talentos executivos para as operações globais. Nas últimas décadas, inúmeros executivos brasileiros foram transferidos e promovidos para importantes posições em suas matrizes ou para unidades espalhadas por todos os cantos do mundo.
O grande contingente de executivos brasileiros que têm deixado o País nos anos recentes para assumir papéis de maior relevância em suas empresas, em todos os setores econômicos e continentes, constitui uma clara evidência de que o nosso management é hoje parte significativa da alta direção e liderança global de conhecidas corporações internacionais.
Igualmente, esta também parece ser a realidade das multinacionais brasileiras. Estas companhias relatam o curioso fato de contratarem, com alguma freqüência, brasileiros no exterior que, muitas vezes, acabam por retornar para o Brasil pelas mesmas empresas. São cerca de 20 multinacionais brasileiras que, como sabemos, têm uma presença global cada vez mais importante e que, apenas em 2007, efetuaram investimentos diretos no exterior de US$ 35 bilhões.
A verdade é que o Brasil e suas companhias têm obtido algumas conquistas indiscutíveis no novo milênio. A maior estabilidade econômica, o fluxo positivo de capitais para investimento de longo prazo, a valorização internacional de produtos onde somos campeões, o grau de investimento, o crescimento expressivo dos níveis de consumo interno, o surgimento de novos hábitos de consumo têm nos colocado em evidência como uma economia com excelentes perspectivas no futuro previsível.
As multinacionais que operam no Brasil e suas congêneres brasileiras no País e no exterior têm crescido para atender à crescente demanda local e global por produtos e serviços. A conseqüência direta tem sido um extraordinário salto nos níveis de demanda por talento executivo, que envolve praticamente todos os segmentos econômicos. Estas empresas relatam sérias dificuldades para encontrar os profissionais que necessitam e, ao mesmo tempo, sérios problemas para reter os seus melhores e não perdê-los para a concorrência. O resultado final é um déficit de executivos onde, há bem pouco tempo, existia abundância.
Neste contexto, os executivos têm se beneficiado duplamente em suas carreiras, pois além da escassez, em uma economia mais dinâmica e globalizada são maiores e mais freqüentes as oportunidades para a ampliação de conhecimentos e habilidades técnicas e gerenciais. Assim, a combinação do fenômeno da falta destes profissionais associado à expansão econômica do País, à internacionalização de suas empresas e a uma cultura executiva brasileira forjada inicialmente em multinacionais estrangeiras no Brasil, está permitindo ao executivo brasileiro expor seu talento e competência como profissional preparado para liderar operações com competência em qualquer parte do mundo, inclusive, no Brasil.
Francisco I. R. Ramirez é sócio da Arc Executive Talent Recruiting e professor dos programas executivos, CBA e MBA, do Ibmec São Paulo.