Hora e a vez dos marketplaces segmentados

Autor: Robson Michel Parzianello
Sem sombra de dúvidas, nos últimos anos, o e-commerce nacional se tornou um segmento da economia muito importante para medir o nível de confiança e pujança dos consumidores brasileiros. Apesar da grave crise política e econômica enfrentada pelo país, o setor continuou mostrando crescimento em 2016. Dados do último relatório Webshoppers, da Ebit, revela que o faturamento do comércio eletrônico foi de R$ 19,6 bilhões no primeiro semestre do ano. A quantia representa um avanço nominal de 5,2% em relação ao mesmo período de 2015.
Mesmo registrando menor crescimento comparado aos semestres anteriores, o e-commerce conseguiu atingir taxas de avanço muito mais elevadas do que outros setores da economia. E as perspectivas apontam que o ritmo não vai parar de aumentar, porque, cada vez mais, os consumidores entendem que é possível adquirir produtos de uma forma mais consciente pela internet, realizando a comparação de preço, frete e prazo de entrega de uma maneira simples e rápida.
Dentro desse contexto, os marketplaces segmentados também ganham cada vez mais força no cenário do e-commerce nacional. Apesar da ausência de dados oficiais que possam comprovar o seu avanço, o setor claramente encontra-se em pleno estágio de consolidação. Empresas como Airbnb, iFood, Uber e Trivago, que basicamente comercializam serviços e experiências, já alcançaram grande maturidade e são cada vez mais utilizadas pelos consumidores, principalmente nos dispositivos móveis. O grande desafio, nesse momento, é tornar relevantes os marketplaces que disponibilizam produtos para determinados nichos, como o setor automotivo e saúde/beleza, tal qual os apps citados anteriormente.
Para isso ocorrer, algumas medidas importantes precisam ser implementadas com intuito de facilitar a vida do consumidor e, consequentemente, fazer com que se sinta confortável e estimulado para comprar tais produtos no app ao invés de se deslocar até a loja física. A primeira delas envolve o fato de o usuário ter a possibilidade de adquirir itens de diferentes lojistas em uma única compra. Apesar de ser uma ação simples, muitos shoppings virtuais nichados ainda não contam essa modalidade de venda e, certamente, perdem receita por não disponibilizá-la.
Outro item que os marketplaces precisam ficar atentos é a forma de concretização da compra disponibilizada ao usuário. Alguns shopping virtuais abrem até 15 telas para que o consumidor finalize o pedido. Essa quantidade de passos apenas prejudica o negócio, uma vez que o índice de carrinhos abandonados serão extremamente altos. Então, nesse caso, vale o ditado de que menos é mais.
Também vale ressaltar a importância do marketplace inserir em seu planejamento a criação de ferramentas de recorrência que levem os consumidores a adquirir produtos, mesmo que ele não tenha a necessidade de compra naquele momento. Para isso, é necessário que o consumidor seja periodicamente notificado com informações úteis e ofertas compatíveis com o seu perfil. Outra ação a ser executada consiste em convencer os lojistas a adotarem políticas comerciais específicas para o marketplace. Promoções, lançamentos e ofertas exclusivas aos usuários do app ajudam no processo de fidelização tanto para o marketplace quanto para a marca anunciante.
Por fim, talvez o mais importante tópico envolve a verificação da qualidade do serviço prestado pelos parceiros. Hoje, a reputação de qualquer marca é um fator extremamente importante para tomada de decisão da compra por parte do consumidor. Por isso, a presença de anunciantes capacitados e com produtos diferenciados é fundamental para o marketplace alcançar relevância, além de aumentar as chances de recorrência de compra. Uma forma eficaz de incentivar a melhoria da qualidade do serviço dos anunciantes é impor uma competição, inserindo filtro para verificação dos melhores lojistas, de acordo com a avaliação dos próprios usuários.
Com todos esses pontos ajustados, a tendência é que pouco a pouco os marketplaces segmentados entrem com mais facilidade no hábito de consumo das pessoas, uma vez que as plataformas aperfeiçoam sensivelmente a experiência de compra. Para os lojistas anunciantes também é a certeza de aproximação com novos usuários e, consequentemente, a entrada de receitas-extras. Sem dúvida, essa modalidade é um caminho sem volta e que deve aumentar ainda mais o número de brasileiros que buscam, pesquisam e compram por meios digitais.
Robson Michel Parzianello é engenheiro de computação e sócio-fundador da Pharmacy.

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