O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), apurado pela Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) em conjunto com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), alcançou 145,7 pontos em janeiro. O resultado superou por pouco o de novembro último, quando marcou 145,6 pontos, e também as performances do início do Plano Real, quando o sentimento de otimismo da população era intenso.
Em relação a dezembro passado, o índice teve crescimento de 3,3%. Essa alta foi puxada, sobretudo, pela melhoria da confiança entre as pessoas com renda inferior a 10 salários mínimos. Nesta categoria, a variação positiva foi de 5,9% e o índice entre esses consumidores chegou a 137,3 pontos, ante 129,6 pontos registrados em dezembro. Vale lembrar que o ICC varia de 0 a 200 pontos, indicando pessimismo abaixo de 100 pontos e otimismo acima desse patamar.
Para os economistas da Fecomercio, essa elevação da confiança do consumidor é considerada sazonal, mas também está diretamente ligada à melhoria de indicadores de emprego e renda observada no fim de 2004. A abertura de vagas temporárias no fim de ano colabora para o resultado, tendo em vista que, com a recuperação da economia, existe sempre a possibilidade da contratação efetiva. E, nesse aspecto, são as pessoas de menor poder aquisitivo as mais beneficiadas por essas oportunidades de emprego. Os economistas lembram ainda que o recebimento da segunda parcela do 13º salário também influencia positivamente o humor do consumidor nesta época do ano.
Embora o ICC tenha crescido entre as pessoas com ganhos inferiores a 10 salários em janeiro, o índice de confiança continua a ser maior entre as pessoas com renda superior a 10 mínimos. Entre esses consumidores, o indicador aponta 161,4 pontos, mesmo depois da queda de 1,2% em janeiro. Para os economistas da Fecomercio, essa pequena variação negativa está relacionada ao aumento dos gastos típicos de início de ano, que incidem mais sobre as pessoas de melhor poder aquisitivo, como gastos com IPVA, IPTU, matrículas e mensalidades escolares.
Presente e Futuro – O ICC é composto por dois indicadores, um que mede a percepção do consumidor em relação ao momento atual e outro relativo à situação futura. Em janeiro, o índice das condições econômicas atuais teve alta de 3,2% em relação a dezembro e chegou a 124,9 pontos. Já o índice de expectativas do consumidor aumentou 3,3%, fechando com 159,5 pontos. A variação semelhante dos dois indicadores em janeiro mostra que o consumidor se mantém otimista em relação ao futuro, mas também mostra-se satisfeito com o momento atual, o que em várias edições do índice não foi constatado. Normalmente, as pessoas mostram-se mais insatisfeitas em relação ao presente e esperançosas quanto ao futuro.
Copom – O presidente da Fecomercio, Abram Szajman, alerta, porém, que, tradicionalmente, o primeiro trimestre do ano é de redução do ritmo econômico. O comércio, por exemplo, não repete o desempenho de meses fortes como novembro e dezembro. Dessa forma, às vésperas da reunião do Copom, ele ressalta que, independente do aumento da Selic, já se pode prever taxas de juros na ponta mais elevadas e pressões inflacionárias menores. “As taxas de juros aos consumidores voltaram a subir ao longo de dezembro e deverão ficar em elevação por mais algum tempo. Isso já seria o suficiente para que o Banco Central não precisasse elevar a Selic, já que o volume de crédito ao consumidor deverá ser automaticamente reduzido neste momento”, sublinha Szajman, acrescentando que, caso as taxas voltem a subir, o ICC poderá indicar uma queda em fevereiro.