A alta da inadimplência no Brasil chega a 21% no mês de junho, com crescimento explosivo de devolução de cheques sem fundos e títulos protestados, de acordo com dados da Equifax, fornecedora de soluções para gestão de negócios. Comparado ao mesmo período do ano passado, foram 570 mil cheques a mais devolvidos no mês de junho. Este é o maior número registrado pela Equifax no período desde 1995.
Em relação aos dados de junho de 2004, houve elevação do número de cheques devolvidos e de títulos protestados. As devoluções que foram de 2.747.240 cheques em junho do ano passado alcançaram 3.324.516 em junho deste ano. Os títulos seguiram trajetória também preocupante e subiram 12,9%. Houve 724.634 títulos protestados em junho de 2005 contra 641.595 em junho de 2004. De acordo com os principais indicadores da Equifax, os aumentos podem ser considerados muito fortes e ocorreram tanto na comparação com igual período do ano passado quanto na comparação com o mês anterior.
No confronto com maio, ocorreu aumento do número de cheques devolvidos e diminuição do número de títulos protestados. Normalmente, no mês de junho, nesse tipo de comparação, são registradas quedas significativas tanto dos protestos quanto das devoluções (isso ocorreu nos últimos cinco anos). Com relação aos títulos, a tradicional redução deu lugar a uma elevação de 4,2% (foram 695.430 protestos em maio). Nos cheques, a tradicional queda deu lugar a uma diminuição de proporção bem menor. Nos últimos cinco anos, os cheques devolvidos caíram em média algo como 15% em junho. Neste ano, em junho houve uma diminuição de apenas 5,4%.
A interpretação, em separado, dos indicadores de inadimplência de pessoa física e de pessoa jurídica mostra crescimento, em relação a junho de 2004, para ambas. Embora a elevação da inadimplência de empresas ainda seja bem maior, no mês de junho deste ano foi possível perceber um movimento mais intenso de expansão da inadimplência entre os consumidores. As dificuldades de recuperação dos rendimentos dos trabalhadores demonstradas nas pesquisas sobre mercado de trabalho no Brasil podem explicar esse fato.
A alta da inadimplência em junho pode ser apontada pelos indicadores da Equifax como conseqüência da persistente trajetória de desaceleração da atividade econômica iniciada há meses. O PIB do primeiro trimestre, quando comparado ao mesmo período de 2004, cresceu apenas 2,9%, segundo o IBGE.