Inteligência Analítica e Experiência

Autor: Derlon Picanço de Souza
Os termos “competição analítica” e “inteligência analítica” finalmente chegaram ao mercado brasileiro e, enquanto alguns ainda tinham dúvidas se ambos pegariam, o fato é que realmente pegaram! Juntos, estes dois termos nos apontam para uma tendência global de se valorizar nas empresas a exigência de maior qualidade de dados, bem como a análise informatizada destes e uma maior orientação a processos decisórios baseados em fatos digitalmente organizados.
É bem verdade que as duas expressões, ou temas, vinham ganhando força lentamente no mercado mundial. Mas sua pertinência para os negócios simplesmente explodiu após a crise do subprime no setor financeiro (iniciada entre os anos de 2007 e 2009), crise esta que teve seu auge no final de 2008 e que permanece até os dias de hoje, podendo inclusive permanecer pelos próximos 20 a 30 anos.
Iniciamos as atividades da unidade de inteligência analítica da MD2, em agosto de 2010 e, desde então, nos vem surgindo muitos convites para participar de palestras e projetos representativos em grandes corporações dos setores público e privado. Além disso, parceiros de grandes multinacionais estão demandando a cada dia apoio dessa área para ajudá-los na exploração deste mercado no país.
As empresas já acordaram para o fato de que, para se tomar as melhores decisões e as atitudes corretas, é preciso – e indispensável – usar a inteligência analítica. Colocá-la em prática implica em melhorar o desempenho dos negócios usando dados e análises, e não somente na própria experiência, ou no próprio julgamento das pessoas para embasar as ações de negócio.
Pesquisas sugerem que 40% das grandes decisões gerenciais ainda são baseadas em intuições e não em fatos. Até mesmo decisões da maior importância, como fusões e aquisições de empresas, vinham sendo tomadas por executivos com base em suas avaliações pessoais, muitas vezes negligenciando-se considerações sensatas, que criam um valor real. Mesmo grandes bancos tomavam, e alguns ainda tomam, decisões sobre crédito e risco com base em pressupostos jamais questionados. Há governos que contam com escassa inteligência para decidir se irão ou não iniciar grandes projetos, enquanto, por exemplo, a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 vão se aproximando de seu deadline. 
Há casos em que as decisões não baseadas em processos analíticos não chegam a provocar um desastre, mas a verdade é que também não geram todos os benefícios que poderiam gerar. Com isso, saem bastante prejudicadas aquelas empresas que definem os preços dos seus produtos e serviços com base em “dicas” extraídas dos preços que o mercado poderia suportar e não em dados concretos, detalhando o quanto, de fato, os consumidores estariam dispostos a pagar. Também não se saem muito bem aqueles gerentes que contratam pessoas com base na intuição, e não na análise de habilidades e em traços de personalidade que podem ser considerados bons indicadores para o alto desempenho de um funcionário.
O fracasso também ronda aqueles gerentes de cadeia de suprimentos que mantém um nível confortável de estoque, e não um nível ideal determinado por dados. O mesmo vale para técnicos de times de futebol, que destacam jogadores sem levar em consideração habilidades que, de acordo com a inteligência analítica, levariam de fato à vitória. 
Assim como Sócrates diz: “a vida sem reflexão não deve ser vivida”; podemos argumentar que “uma decisão sem reflexão também não deve ser tomada”.
Conscientes desses sérios desvios, as empresas mais avançadas começam a se debruçar sobre alguns assuntos para reflexão, entendimento e debate, como os listados a seguir:
1. Quais os benefícios da aplicação da inteligência analítica?
2. O que significa ser “analítico”?
3. A que espécies de questões a inteligência analítica pode responder?
4. Quais as principais perguntas que a inteligência analítica pode abordar?
5. O que significa inteligência analítica para leigos?
6. Porque é hora de colocar a inteligência analítica em prática?
7. Onde podemos aplicar a inteligência analítica?
8. Quando a inteligência analítica não é prática?
9. Quando as decisões analíticas exigem um exame minucioso?
10. O que significa erros de lógica e erros de processo que são os erros típicos nos processos decisórios?
11. Porque nas crises, a exemplo do caso do subprime, algumas empresas quebraram enquanto outras adquiriram seus principais concorrentes?
12. O que é necessário para aplicar a inteligência analítica ao seu negócio?
13. O que os seus clientes estão falando sobre você, seus produtos e serviços, e sobre sua empresa nas redes sociais, como Facebook, Twitter e Linkedin? E em que, ou como, a Inteligência analítica pode ajudá-lo?
Mas ao contrário do que se pode pensar, investir em inteligência analítica não significa reduzir o papel das pessoas. A inteligência analítica cresce e continuará crescendo de importância a cada dia, notadamente no setor financeiro e em todos os outros setores que exigem posicionamento altamente crítico. No entanto, as melhores tomadas de decisão serão aquelas em que os executivos souberem combinar a ciência de análise quantitativa com a arte do raciocínio bem fundamentado. 
Em outras palavras, um bom executivo é aquele que segue os conselhos de um ótimo e experiente piloto de avião, ou seja, por mais que existam computadores dos mais diversos na sua cabine, com os quais se permite voar por instrumentos, é sempre bom e prudente dar uma olhadinha pela janela.
Derlon Picanço de Souza é diretor de negócios & inteligência analítica da MD2

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