Em julho, o Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) apresentou alta de 3,3% em comparação com o mês anterior e registrou 65 pontos. Ante os 63 vistos em junho (o pior resultado desde 2010). Porém, no comparativo com o mesmo período do ano passado houve queda de 14%. Um dos fatores que ajudou a elevar o índice foi o emprego. O item Emprego Atual atingiu 91,6 pontos. Crescendo 4,7% em relação a junho. E Perspectiva Profissional voltou a ficar no patamar de satisfação com 101,2 pontos – 3,7% superior ao visto no mês anterior. Ou seja, a maioria dos paulistanos considera que pode haver uma melhoria profissional nos próximos seis meses. Na comparação com o mesmo mês do ano passado houve alta de 5,7% – primeira vez desde outubro de 2014 que o item apresentou elevação interanual.
Os itens que refletem o nível de consumo do paulistano também apresentaram elevação no mês, mas ainda continuam baixos. O Nível de Consumo Atual aumentou 4,7% na comparação com junho, mas continua com a pior avaliação entre os analisados pela pesquisa, com 36,9 pontos. São cerca de 70% das famílias da capital paulista dizendo que estão gastando menos do que no mesmo período do ano anterior. Na mesma tendência, o item Perspectiva de Consumo cresceu 4,6% e registrou, em julho, 52,7 pontos. Isso mostra que mesmo com essas altas, reduzindo o nível de insatisfação, a propensão a consumir ainda é muito baixa
O consumo de produtos duráveis também segue no nível de insatisfação, apesar da leve recuperação em julho. O item Momento para Duráveis conseguiu mostrar um leve aumento de 1,1% passando para 38,7 pontos. Mas isso significa que 79% dos paulistanos consideram um mau momento para compra de uma TV, geladeira, fogão, etc.
Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, por mais que a inflação esteja diminuindo, ela ainda pressiona o orçamento das famílias. O IPCA na Região Metropolitana de São Paulo, por exemplo, atinge 9% de alta no acumulado de 12 meses e o grupo de alimentos e bebidas, 11,7%. Os paulistanos permanecem insatisfeitos com o nível de sua renda, considerando-a inferior na comparação com o ano passado. O item Renda Atual teve alta de 3,4% passando de 69,6 em junho para 72,0 pontos nesse mês.
Por fim, o único item do ICF que ficou com pontuação inferior ao dado de junho foi o Acesso a Crédito. A queda foi leve (-0,2%) e manteve o patamar dos 62 pontos (62,2 pontos em julho e 62,3 pontos em junho). De qualquer forma, esta foi a menor pontuação registrada para o item na série histórica, o que quer dizer que os paulistanos nunca encontraram tanta dificuldade em obter empréstimo para compras a prazo.
Na análise por faixa de renda, houve crescimento para ambas as segmentações. As famílias com renda superior a dez salários mínimos apresentaram maior avanço em julho. Alta de 8,3%, passando dos 61,3 para 66,4 pontos. Desde fevereiro do ano passado que essa camada não ficava com pontuação maior que a faixa das famílias com renda abaixo de dez salários, que, em julho, registrou 64,5 pontos, alta de 1,6%.
No entanto, para a entidade, o resultado positivo de julho não representa, por enquanto, uma reversão de tendência. Isso porque o indicador está próximo do seu pior resultado histórico que foi alcançado no mês passado. Esse suspiro no mês, segundo eles, pode ser um voto de confiança que os consumidores estão dando à nova equipe econômica ou, simplesmente, uma acomodação em um novo patamar de confiança.
O que poderia dar um grau maior de certeza para uma mudança positiva e alcançar patamar de satisfação, de acordo com a Federação, seria uma melhora nos níveis de emprego e renda. Entretanto, no momento, esses indicadores se mantêm na trajetória negativa com aumento da taxa de desemprego e inflação ainda elevada. Portanto, segundo a FecomercioSP, não há indicativos que esta alta no ICF se consolide e que se reverta em aumento de consumo no curto prazo.
O ICF é apurado mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) e varia de zero a 200 pontos, sendo que abaixo de 100 pontos significa insatisfação e acima de 100, satisfação em relação às condições de consumo.