Dos lares brasileiros, 49% das famílias gastam mais do que ganham, segundo uma pesquisa realizada pela Kantar Worldpanel. A pesquisa mostra que a renda familiar no ano de 2014 foi de R$ 2.994 e o gasto médio ficou em R$ 2.968. Dentro desses lares em débito, os gastos básicos com habitação, vestuário, alimentação fora do lar, higiene pessoal e educação são os que representam a maior fatia nos custos.
O levantamento mostrou que o brasileiro vem colocando prioridades na hora de poupar, principalmente a classe média-baixa e baixa, que têm como desafio ter dinheiro suficiente para comprar os alimentos para dentro do lar, por exemplo. Viajar, reformar o lar, comprar a casa própria e comprar um carro são os principais desejos da classe mais alta. Por conta disso, o comportamento do consumidor vem mudando e, atualmente, devido ao aumento dos preços, ele abriu mão de alguns gastos, mais de um milhão de lares deixaram de se alimentar fora de casa para conseguir equilibrar o bolso neste cenário de maior priorização.
Para evitar a compra por impulso, as famílias vêm optando pela compra de abastecimento, levando mais produtos por ocasião e indo menos vezes ao ponto de venda. As compras de despensa tiveram representatividade de 52% no ano passado (contra 46% em 2013) do volume da cesta de produtos de bens de consumo não duráveis. Com isso, o volume médio por viagem aumentou 17% em cinco anos. Nos últimos cinco anos, os lares reduziram, em média, sete vezes as visitas aos supermercados, somando mais de 350 milhões de idas a menos. Só em 2014, os brasileiros reduziram em nove vezes. Muitos consumidores estão em busca do custo benefício nos canais de compra e 61% dos lares optam por mais de cinco canais para se abastecerem. Já outros 73% têm comportamento organizado e tentam não perder tempo nas lojas.
Ainda segundo a pesquisa, as categorias desenvolvidas vêm perdendo espaço no carrinho dos brasileiros. Atualmente, 73% da queda da cesta no primeiro bimestre de 2015 está concentrada em três produtos: refrigerante, suco em pó e água mineral. O valor agregado continua sendo visto com bons olhos pelas donas de casa. Neste primeiro bimestre, algumas categorias que trazem algum benefício cresceram em volume a dois dígitos, como cream cheese, petit suisse, batata congelada, detergente líquido para roupas e cremes e loções.
Dessa forma, a tendência para este ano apresentada na pesquisa será as famílias voltando para casa e o consumo crescendo devido a um cenário onde o bolso estará mais apertado, em virtude das contas e o aumento de preços. Bem como, haverá a definição de prioridades pela família: mesa farta, praticidade e custo x benefício, lares em busca de produtividade, redução de frequência de compra, compra de despensa, maior mix em canais e categorias premium em detrimento às categorias já desenvolvidas.