Longe da nova realidade

Cerca de dois terços das empresas do setor automotivo (65,70%) acreditam que estão longe ou, pior, muito longe da transformação digital, segundo dados do ICTd – Índice CESAR de Transformação Digital. No entanto, apenas 37,36% das empresas estão fazendo alguma coisa para lidar com essa situação. A maioria ou ainda não iniciou ações ou ainda está se preparando; e uma parte das empresas inclusive acredita ou que transformação digital não seja uma prioridade ou que ela não impactará o seu negócio. A pesquisa foi realizada em parceria com a Automotive Business entre os meses de abril e junho de 2019 e abrangeu 138 empresas do setor automotivo de todo o país.
Ao se analisar as empresas que de fato já têm alguma estratégia de transformação digital em curso ou planejada, o que a pesquisa apresenta é que ainda existe uma grande expectativa de que o digital traga melhorias mais operacionais e pouco transformacionais. “Há incorporações tecnológicas importantes no produto, no entanto estas empresas não mudaram a forma como inovam, como trabalham com seus consumidores, como competem entre si e com outros setores. Tanto é que estão sendo atacadas pelo setor de transporte via apps, como Uber e 99”, diz o CDO – Chief Design Officer do CESAR, Eduardo Peixoto.
Tal comportamento é reflexo da percepção que já vem há anos atrelando o tema de transformação digital exclusivamente à tecnologia e à aquisição de novas ferramentas digitais. No entanto, há um grande potencial transformador para empresas que usam o digital como ferramenta para inovar em novos modelos de negócios, no atendimento e comunicação com o cliente, na oferta de novos produtos e serviços e na relação com a competição e com o ecossistema, por exemplo. “A empresa pode ter a melhor tecnologia, mas isso só irá gerar otimização. Para fazer a transformação digital é preciso pensar e agir de forma diferente. Hoje o mercado exige a entrega de uma experiência para o consumidor muito mais engajadora, com modelos de negócios que anteriormente não eram possíveis”, explica.
O ICTd avaliou o nível de maturidade dos respondentes a partir de oito eixos: Cultura & Pessoas, Consumidores, Concorrentes, Inovação, Processos, Modelo de Negócios, Dados & Ambiente Regulatório e Tecnologias Habilitadoras. Destes, o mais maduro no setor automotivo é o eixo de Modelo de Negócios (61,58%), seguido por Consumidores (61,05%). Do lado oposto, estão mais longe da maturidade os eixos de Tecnologia (52,96%) e Inovação (54,37%). “De uma forma geral, quando a gente fala de transformação digital, não se pode olhar apenas para um aspecto.”, destaca o CDO do CESAR.
Outro ponto que chama a atenção na pesquisa é o fato de 37,8% das empresas admitirem que não têm uma estratégia definida para a transformação digital.  “A grande maioria das empresas demonstra ter ciência da importância e urgência do tema, mas, quando se avalia a prática, as ações que já estão sendo feitas, ou elas estão ainda pouco articuladas com um plano estratégico maior ou são inexistentes”, afirma Peixoto.

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