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Mercado de classificados cresce na crise

Autor: Andries Oudshoorn
 
Nos últimos meses, o Brasil voltou a lidar com dois fantasmas do passado recente: a inflação e a recessão econômica. O período de crise, no entanto, não carrega apenas notícias negativas. A exemplo do que aconteceu em momentos econômicos parecidos da história do Brasil e do mundo, o cenário recessivo também traz oportunidades para empresas e indivíduos e, de forma geral, obriga as pessoas a repensarem comportamentos que podem trazer transformações positivas para o futuro do país.
 
Um dos segmentos que tem sido diretamente beneficiado por esse momento de recessão econômica é o mercado de classificados. Depois de quase duas décadas de uma euforia consumista por boa parte dos brasileiros, a desaceleração econômica tem obrigado as pessoas a refletirem sobre seus hábitos de compra e venda. Mesmo que de forma intuitiva, os indivíduos tendem a implementar uma melhor gestão financeira em períodos de redução dos recursos.
 
O mercado de usados tem sido diretamente beneficiado por essa tendência de uma melhor aplicação de recursos. A necessidade de buscar novas fontes de receita leva muitos brasileiros a venderem itens que estão sem uso, ao mesmo tempo em que um número crescente de indivíduos substitui a compra de um produto novo por um “semi-novo” – que costuma ser de 40% a 70% mais baratos em classificados online – ou por um item que possa ser reformado. Um cenário que gera uma tendência de consumo sustentável e que, em longo prazo, beneficia a economia, o meio ambiente e a sociedade como um todo.  
 
Um estudo recente do Ibope mostra que os brasileiros têm em casa uma média de R$ 1,8 mil em produtos usados e que poderiam ser vendidos. Ao todo, trata-se de um mercado total com um potencial de R$ 105 bilhões. Ou seja, quase três vezes o mercado de e-commerce no país em 2014. Não à toa, uma pesquisa do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) aponta que as micro e pequenas empresas que comercializam artigos usados cresceram 210% nos últimos cinco anos. 
 
Justiça seja feita, o cenário econômico brasileiro não tem sido o único responsável por essa nova forma de consumo, pautada por uma postura mais sustentável. Comparado com países desenvolvidos, como Estados Unidos e Europa, no mercado brasileiro essa tendência tem sido diretamente impulsionada por uma valorização dos produtos usados, promovida pela disseminação do uso dos classificados online gratuitos e por massivas campanhas de marketing.
 
Outro pilar fundamental para o impulso desse segmento no Brasil tem sido a disseminação no uso de aplicativos para dispositivos móveis. De acordo com a maior plataforma de classificados online gratuitos do país, mais de 60% das ações de compra e venda da empresa já são realizadas por meio desses aplicativos. E, em média, as pessoas que usam os aplicativos realizam até três vezes mais transações do que aquelas que utilizam os sites tradicionais. 
 
A soma de um cenário econômico recessivo, mais conscientização das pessoas em relação à importância do consumo sustentável e da disseminação de tecnologias que facilitam o contato e as transações entre pessoas transformam o segmento de usados em um mercado de alto crescimento e com enorme potencial para ser explorado por empresas e pessoas em geral.
 
Andries Oudshoorn é CEO da OLX Brasil

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