Nesse mês de março, o Índice de Intenção de Consumo das Famílias, ICF, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), chegou ao seu pior patamar histórico, com 105,7 pontos, representando uma queda de 14%, se comparado com o mesmo período em 2014. Esse número é apenas uma prova de situação que vem ocorrendo desde o ano passado. O consumidor vem perdendo a confiança nas compras e, cada vez mais, encontra-se desmotivado com a economia e o consumo no geral. De acordo com o economista Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo, ACSP, são vários fatores que causam tal descontentamento, como o encarecimento e a desaceleração do crédito, por conta do aumento de juros para combater a inflação. “Outros fatores são a elevação de preços administrados, como energia elétrica, combustível e ônibus, e a inflação de alimentos”, adiciona.
O resultado do cenário desfavorável é a sobra menor na renda disponível para compras. Ou seja, diminui a vontade do consumidor em adquirir produtos, principalmente, bem duráveis, como aponta o economista. Como os varejistas dependem de seus clientes, em consequência da desestabilização há uma queda nas vendas, impactando no resultado do mercado como um todo. “A queda da confiança prejudica os dois lados: empresa e cliente”, afirma Alfieri.
Assim não resta muita opção, senão todos entrarem em um momento de ajuste, para conseguirem procurar a melhor forma de reversão dos resultados negativos. Até porque, ainda que haja queda na intenção de compra, o cliente continuará consumindo, mas a sua opção tem sido em encontrar por fornecedores com preços mais razoáveis, marcas com maior custo-benefício e também alterando a frequência com que vai às compras. Por exemplo, se antes era mais comum a realização das compras de mês em grandes redes de supermercado, hoje, é mais frequente a ida à mercados menores, para comprar menos itens, ainda que a quantidade de visita seja maior. “O consumidor está priorizando o mercado menor porque é mais próximo de sua casa, ele não precisa pegar o carro, é mais prático, e ele não vai comprar tanta coisa.”
Nessa fase de adaptação, resta às empresas encontrarem formas para continuarem cativando os clientes e fazer com que eles mantenham a fidelização, por mais que a quantidade de compras feitas seja melhor. É conseguir com que o pouco que seja consumido seja feito ao menos na sua loja. “As grandes redes de varejo têm mais poder de barganha junto aos fornecedores e, portanto, para atrair clientes, podem fazer promoções e dar descontos, pelo menos para alguns produtos”, ressalta Alfieri.
Apesar de ser difícil visualizar alguma recuperação para este ano, a situação tende a mudar no futuro, pois, segundo o executivo, 2015 é um ano de transição. “Essa é uma crise recorrente, é um filme já visto em outros anos, como em 2009, 2003, 1999, 1998. Feitos os ajustes monetário, fiscal e cambial, a economia deverá voltar ao normal. Este é um período de ajuste”, diz ele. E por conta desse histórico, as empresas já tem uma certa experiência no assunto, o que também pode contribuir para as suas boas performances e também a saberem lidar com a adversidade.