Momento de leveza e agilidade

A meta atual de muitas empresas médias e grandes é conseguir estar à frente na inovação. Entretanto, é um processo que pode ser mais difícil do que se pensa, pois são ferramentas novas surgindo a todo instante, hábitos e comportamentos sendo modificados. Mais, não basta apenas investir em tecnologia e estrutura, se o negócio não é capaz de atender à demanda de seu público. Além disso, é um grande obstáculo para empresas que possuem estruturas fixas conseguir mudar e se reestruturar. O caminho, então, é procurar pelos serviços e produtos oferecidos por startups, que por serem negócios leves e terem uma grande capacidade de se adaptarem rapidamente a diferentes situações, vêm se tornando a queridinha na escolha para uma inovação mais prática. “A questão de agilidade e inovação talvez sejam os grandes benefícios para o mercado. Há, inclusive, empresas consolidadas, que não conseguem inovar de forma tão ágil e acabam comprando startups”, analisa Anderson Nielson, diretor de peopleware da Chaortic. Em entrevista à ClienteSA, ele contou mais sobre esse universo das startups e a sua importância para o mercado.
ClienteSA: Como o desenvolvimento de novas tecnologias e da Internet criaram um ambiente favorável para a criação de startups?
Nielson: Uma das questões relacionadas a esse ambiente é a facilidade de network. A Internet colocou muitas pessoas, de locais diferentes, podendo se contatar. Isso é uma muito importante quanto se está começando um negócio. Hoje, uma pessoa da Índia, Israel ou Brasil pode falar com futuros clientes ou investidores nos Estados Unidos, por exemplo, com facilidade. Outro ponto é a própria facilidade de obter dados e informações. Posso fazer pesquisas, analisar e buscar o que quero com muito mais facilidade do que em uma era pré-Internet. Vejo que um dos pontos importantes é a capacidade de ter uma ideia, colocá-la na Internet, viralizar a comunicação dela e, de repente, ter várias pessoas reais utilizando esse meu novo produto e dando feedback de como evoluir, se realmente atende um interesse e uma necessidade.
Qual a importância das startups para o mercado atual?
Esse modelo de empresas, por não carregarem um modelo tradicional de corporação, consegue fazer mudanças de direcionamento de forma rápida. São empresas capazes de se adaptarem aos aprendizados que vão obtendo no seu crescimento para conseguirem achar o mercado-alvo e adaptarem o produto. O mercado acaba se beneficiando dessas novidades, que aparecem de forma muito rápida. É possível ver uma quantidade muito grande de empresas e ideias novas surgindo e atendendo demandas grandes, como o 99Taxis. O mercado se beneficiou com uma pequena empresa, que surgiu e, de repente, se tornou muito grande. A questão de agilidade e inovação talvez sejam os grandes benefícios para o mercado. Há, inclusive, empresas consolidadas, que não conseguem inovar de forma tão ágil e acabam comprando startups, pois elas inovam em uma taxa muito mais rápida do que as grandes conseguem fazer.
Antes da criação de uma startup é preciso ter mente o cliente que deseja atender?
Esse talvez é um dos grandes ingredientes para o sucesso de um novo empreendimento: entender de fato o teu público-alvo, quem é o cliente, qual a necessidade que vai estar resolvendo, qual o valor que será gerado. Em geral, e é o natural, as startups não conhecem tão bem assim seus clientes, então, utilizam alguma metodologia de criação que permita adaptar o modelo de negócio com o aprendizado que vai começar a ter com os consumidores iniciais. Toda startup quer ter um produto escalável, que possa atender uma grande quantidade de clientes, sem ter a necessidade de customizar, mas conhecer o público-alvo é algo que, de fato, é preciso ter em mente. Um erro que muitos empreendedores cometem é focar em si mesmo, nas suas ideias e suas necessidades, o que não é bom.
Como foi o processo de criação de sua startup? 
A Chaortic surgiu como empresa de fato em 2009, mas, antes disso, os fundadores estavam terminando o mestrado na Universidade Federal de Santa Catarina e trabalhavam com técnicas de inteligência artificial e mineração de dados. Ou seja, hoje, se fala muito de big data, mas eles estavam trabalhando com isso desde 2006. Era um trabalho com grande volume de dados para, a partir daí, utilizando técnicas de inteligência artificial, entender o comportamento de pessoas e tentar prever do que iriam gostar ou desejar e mostrar a elas algo que fosse realmente interessante, antes que começassem a procurar. Então, o que a gente faz hoje é justamente isso, tentamos fazer com que cada site de comércio eletrônico apresente para os seus clientes aqueles produtos que são mais aderentes ao momento de vida da pessoa, as coisas que realmente busca, que sejam compatíveis com aquilo que ela já tenha comprado ou visualizado, de forma que cada cliente que entre na loja tenha a sensação de que a loja é única para ele.
Como o Sr. vê a relação entre startups e empresas tradicionais?
As startups estão trazendo algo bastante inovador para as empresas. Tanto que elas deveriam procurar mais inovação fora dos seus ambientes, já que as startups conseguem entregar isso com maior velocidade e qualidade, a um custo realmente mais interessante.

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