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Morte adiada

Autor: Daniel Lecuona
Nos últimos tempos, em praticamente todas as semanas nos deparamos com manchetes como: “Fintech X testa pagamentos com relógios, óculos, pulseiras, canetas, anéis, self, sorrisos etc”. Normalmente essas chamadas são acompanhadas de análises do tipo: “Em pouco tempo os cartões de crédito em formato plástico como o conhecemos deixarão de existir”. Ocorre que estamos chegando ao final de mais um ano e isto parece longe de acontecer.
Ao contrário disso, se fizermos um teste e colocarmos no serviço de busca do Google a frase: “Fintech lança cartão”, nos surpreenderemos com a quantidade de reportagens que demonstram que, apesar de profetizarem o fim do cartão plástico, esses próprios inovadores não abrem mão de terem suas marcas devidamente impressas e materializadas em pequenos pedaços de plástico guardadas nas carteiras de seus clientes.
Parece incoerente, mas é a realidade. Mesmo adotando um discurso exterior de que o plástico está ultrapassado, na hora de garantir a sustentabilidade do negócio, financeiramente falando, ninguém abre mão do plástico. E por quê? Porque, queiram ou não queiram admitir, ele é, e acredito que ainda será por muito tempo, a melhor alternativa para garantir pagamentos ágeis, massificados e seguros do mundo.
Tem sido assim no mundo todo. Por mais e maiores novidades tecnológicas que apareçam, os pedidos para a impressão de cartões plásticos continuam aumentando, a pedido das maiores e mais tradicionais marcas da indústria financeira do planeta e também das mais novas e disruptivas startups financeiras.
Não que se neguem as possibilidades e os ganhos que possam representar as novas mídias, como o telefone celular e a infinidade de variáveis trazidas pela Internet das Coisas, mas quando falamos de cartões de crédito, estamos falando de dinheiro. E quando se fala de dinheiro há que se levar em consideração um fator primordial que é a segurança.
Desde a invenção do chip nunca se ouvir falar de uma quebra se quer da criptografia existente neste tipo de sistema que pudesse resultar em fraudes. Os vazamentos que acontecem nunca estão ligados à quebra dos padrões de segurança dos cartões com chip propriamente ditos. Essas falhas acontecem em outras fases do processamento das transações. E são justamente estas etapas vulneráveis que ficam expostas quando se abandona o cartão de plástico para escolher um celular, um par de óculos, uma pulseira, um relógio ou qualquer outro objeto.
Já faz pelo menos uma década que se profetiza a massificação dos pagamentos por celular, por exemplo, mas ainda são muito poucos os projetos neste sentido que conseguiram um nível de massificação que possa ser comparável à escalabilidade possibilitada pelos cartões de plástico.
Além da questão da segurança, existe a própria questão da universalidade da tecnologia. Quantas pessoas atualmente tem condições de ter um relógio dotado da tecnologia que permite fazer pagamentos? E anéis ? E pulseiras?
Quantos estabelecimentos comerciais e prestadores de serviço atualmente estão preparados para receber pagamentos inovadores como estes? Quanto será preciso ser investido para que esta receptividade passe a estar presente em todo território nacional, por exemplo? E como ficará esta questão nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento?
Por esses e outros motivos, apesar de toda a onda disruptiva e modernizante que inunda o noticiário, é preciso que alguém se lance contra a correnteza para dizer o contrário: “O cartão de crédito de plástico não está perto de ser extinto e muito provavelmente nunca será”.
Daniel Lecuona é CEO da G&L Cards and Payments.

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