A queda no faturamento das micro e pequenas empresas (MPEs) do estado de São Paulo este ano já chega a 3%, no acumulado de janeiro a outubro, em relação ao mesmo período de 2005. Mesmo com a esperada recuperação das vendas no fim de ano, a projeção é que o faturamento das MPEs caia no ano 2,8%, totalizando R$ 238,5 bilhões de perda de receita para o universo das MPEs em 2006 (R$ 6,9 bilhões a menos que em 2005). Os dados são da pesquisa Indicadores Sebrae-SP, elaborada em colaboração da Fundação Seade.
Para o diretor superintendente do Sebrae-SP, José Luiz Ricca, a conjuntura econômica atrapalhou o desempenho das MPEs. “Apesar das expectativas positivas no início do ano, as micro e pequenas empresas tiveram que conviver com uma depressão de preços no mercado e a queda da taxa de juros não chegou até a base”.
Por setores de atividade, as MPEs apresentaram desempenhos bastante diferenciados. A pequena indústria paulista teve o melhor desempenho até agora. Nos dez primeiros meses do ano os pequenos negócios deste segmento apresentaram faturamento 1% superior ao mesmo período do ano passado. Os setores do comércio e serviços apresentaram queda no faturamento, no mesmo tipo de comparação, respectivamente de -4,0% e -3,9%.
Por regiões, o estudo mostra que no ano (janeiro a outubro contra o mesmo período do ano passado), a maior queda de faturamento foi registrada entre as empresas do interior do Estado (-3,4%), seguida pelo Município de São Paulo (-2,9%), Região Metropolitana (-2,7%) e Grande ABC (-1,6%). Se comparado apenas o mês de outubro com o mesmo mês do ano passado, a queda de faturamento das MPEs do interior paulista é ainda mais acentuada: -13,5%. Em relação a outubro do ano passado, Região Metropolitana (-1,8%) e Município de São Paulo (-5,1%) também apresentaram queda. Na mesma comparação, as micro e pequenas empresas do Grande ABC tiveram faturamento 13% maior.
De acordo com análise de Marco Aurélio Bedê, coordenador do Observatório das MPEs, a queda do faturamento dos pequenos negócios do interior teve como principal causa a crise na agropecuária, prejudicando principalmente as MPEs do comércio daquela região. Já na Região Metropolitana de São Paulo e na capital, os pequenos prestadores de serviços apresentaram pior desempenho. “Em parte, isso se deve ao elevado grau de endividamento das famílias que, comprometidas com prestações de bens não produzidos por MPEs apertaram o cinto na compra de serviços como de restaurantes e lazer”, explica Marco Aurélio.
Otimismo volta a crescer – Apesar de 2006 ter sido um ano relativamente fraco para as micro e pequenas empresas, o cenário de juros em queda e recuperação da renda do trabalhador projetam alguma melhora para os pequenos negócios em 2007.
Os indicadores de expectativa de faturamento das pequenas empresas de novembro de 2006 mostram que 47% dos empresários entrevistados acham que, nos próximos meses, o faturamento vai se manter nos níveis atuais, 33% que vai aumentar e 17% acreditam que ele piore. Os que não sabem dizer são 4%. Em julho, ao fim de um primeiro semestre de perdas, 54% acreditava que o faturamento iria se manter e 25% que ele iria aumentar – 18% projetava uma piora. Em relação à economia brasileira, como um todo, 44% dos empresários consultados acreditam que a situação irá se manter; 29% que irá melhorar e 20% que haverá piora. Entre os consultados, 8% não sabia responder.
“Para as pequenas, a retomada do crescimento no mercado interno é muito aguardada, uma vez que o consumo interno é o principal canal de demanda dos pequenos negócios. Por sua vez, com seu crescimento, as micro e pequenas empresas contribuem para reduzir o desemprego: no estado de São Paulo as pequenas empresas respondem por 5,87 milhões de ocupações diretas”, lembra José Luiz Ricca.