Não permita que velhos paradigmas impeçam o sucesso



Autor: Evaldo Costa

 

Os seus colegas de trabalho são abertos a novas idéias? Quando um novo assunto é abordado eles são flexíveis ou rechaçam de cara a proposta? Sempre que alguém sugere mudanças eles buscam meios para otimizá-las ou buscam derrubá-las? Como consultor, tenho participado de muitas reuniões ao longo de mais de três décadas de carreira profissional. O que mais me impressiona é constatar o grande número de pessoas dispostas a provar que novas idéias, por melhor que sejam, são falhas. Aliás, o meu parâmetro de rapidez atualmente é medido pela velocidade da resposta dada por alguém tão logo eu revele algo que pretendo fazer. A resposta é ligeira: isso não vai dar certo!

 

Conheci um camarada, muito gente-boa, que atendia pelo nome de Arruda. Ele era um verdadeiro companheiro quando o assunto fosse ir ao estádio assistir uma partida de futebol, tomar um chope ou mesmo organizar um churrasco no fim-de-semana. Porém, ele se transformava por completo quando convidado para participar de uma reunião na empresa. A sua expressão facial mudava e, antes mesmo do encontro começar, ele já se inteirava do que seria tratado para pensar em uma estratégia contrária. A reunião iniciava e ele não dava um pio se quer. Quando alguém abordava uma nova idéia ele ficava atento e não demorava muito para disparar um contra-argumento para provar que a sugestão era falha.

 

O que sempre me impressionou muito também foi constatar que Arruda tinha bons argumentos para contrariar. Aliás, se ele recorresse a sua ótima capacidade criativa para examinar o lado positivo das questões, tenho certeza que se tornaria rapidamente o presidente da organização. Mas porque, afinal de contas, fatos assim acontecem? Por muitas razões, porém o que está por detrás desse comportamento, normalmente é o que chamamos de paradigmas, ou seja, as lentes através das quais vemos o mundo.

 

Alguns anos atrás, fui visitar um novo cliente e adivinhe quem estava dirigindo o departamento de vendas? Acertou se respondeu o Arruda. Lá estava ele, agora com mais cabelos brancos. Conversamos um pouco sobre os velhos tempos e, não demorou muito, fui convidado para a sala de reunião. Enquanto me preparava pegando o material em minha pasta, tente adivinhar quem se sentou bem ao meu lado? Acertou de novo se respondeu o Arruda.

 

Assim que iniciei a minha exposição, com um discreto olhar, percebi que ele mantinha aquele seu jeito peculiar de se comportar nas reuniões. Sorte minha que já o conhecia, daí ao invés de afirmações eu fiz perguntas direcionadas ao Arruda. Para o meu sossego, ele acabou sugerindo o que eu pretendia abordar. Todos ficaram muito impressionados como eu consegui tamanha façanha. Aliás, soube depois que havia até uma bolsa de apostas entre os funcionários sobre o “previsível” resultado do encontro.

 

Segundo os seus colegas, o Arruda, depois que assumiu a direção do setor, tornou-se uma pessoa ainda mais radical. Durante o encontro percebi que os presentes evitavam contrariá-lo. Parecia que só ele tinha razão. Os seus colegas não desejavam se desgastar e evitavam abordar seus pontos-de-vista. Será as pessoas que têm dificuldade de lidar com novos paradigmas, um entrave para as organizações dos dias atuais?

 

Vou recorrer a uma passagem descrita no magistral livro Os Sete Hábitos Das pessoas altamente Eficazes de Stephen R.Covey para ilustrar melhor a questão. O autor relata a história de dois navios de guerra que estavam há varias semanas no mar realizando uma missão de treinamento. O mau tempo dificultava as manobras. O sentinela do navio-líder tinha a visão quase nula devido ao forte nevoeiro. O capitão permanecia na ponte durante as atividades, tendo se envolvido na seguinte situação:

 

– Luz à proa, à boreste – disse o vigia.

 

– Parada ou movendo-se para a popa? – perguntou o capitão.

 

– Parada, capitão – ele retrucou. Significando que o navio estava em perigo. Em rota de colisão. Imediatamente o capitão chamou o sinaleiro:

 

– Avise aquele navio para alterar o curso deles em 20 graus, pois estamos em rota de colisão.

 

– É melhor vocês alterarem o curso em 20 graus. – veio a resposta.

 

– Envie a seguinte mensagem: “aqui é o capitão, ordenando que vocês mudem a rota em 20 graus imediatamente”.

 

– Logo chegou a resposta: “aqui é um marinheiro de segunda classe. É melhor vocês alterarem o curso em 20 graus”.

 

– O capitão já furioso, ordenou: “este é um navio de guerra. Mude o seu curso em 20 graus. Isso é uma ordem”.

 

– Ao que o marinheiro do outro lado sinalizou: “aqui é um farol terrestre. Mude a sua rota em 20 graus ou vai se chocar”.

 

E quanto a você, enxerga colorido? É aberto a novas idéias? Nas reuniões sempre que um colega apresenta uma sugestão de mudança você, imediatamente, pensa em como otimizá-la ou tentar encontrar um ponto falho? Pois, saiba que um bom líder evita sempre o comportamento reativo preferindo a proatividade. O verdadeiro líder se concentra na solução e não nos problemas.

 

Pense nisso.

 

Evaldo Costa é escritor, consultor, conferencista e professor. ([email protected])

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