Com a diminuição da frequência do consumidor brasileiro aos pontos de venda em 2015, as marcas que cresceram no período o fizeram pela penetração nos lares, de acordo com a 4ª edição do ranking local Brand Footprint, da Kantar Worldpanel. O estudo também apontou que houve um crescimento maior entre as empresas nacionais do que globais. A pesquisa apresenta as 50 marcas de bens de consumo não-duráveis mais escolhidas pelos brasileiros no ano de 2015.
Entre as top 50 marcas mais escolhidas, 21 aumentaram CRP, 20 cresceram em penetração e apenas 3 tiveram crescimento de frequência, mostrando a penetração como a principal responsável pelo crescimento das marcas. Em 2015, houve uma queda na cesta de consumo brasileira de 7,5% em volume, já em valor ela se manteve estável. A diminuição ocorreu porque o brasileiro deixou de ir ao ponto de venda quatro vezes no ano passado. Em outros casos, em vez de uma frequência menor, marcas mais baratas foram escolhidas pelo consumidor para manter a categoria no carrinho.
No quadro geral, Coca-Cola lidera o pódio, seguida por Ypê e Colgate, na segunda e terceira colocação, respectivamente – mesmo resultado da última edição. O top 10, aliás, sofreu poucas alterações de 2014 para cá: apenas dois novos nomes entraram para o grupo (Italac e Vitarella).
Das 50 mais compradas, 27 são brasileiras, contra 23 globais. Uma análise mais profunda mostra ainda que 48% das empresas locais que constam no ranking cresceram em penetração, já 11% cresceram em frequência de compra. Entre as marcas globais, os números são mais modestos: 30% obtiveram aumento em penetração e a frequência permaneceu estável.
Entre os casos que se destacaram no ranking, a Seara subiu 16 posições e foi a primeira em crescimento nos quesitos isolados de CRP e penetração. Essa pode ser a resposta ao investimento em reposicionamento no mercado, aliado a uma forte estratégia de publicidade – baseada na nova formulação dos produtos, com menos sódio e apostando na saudabilidade. Além disso, é resultado da manutenção da proteína no prato do consumidor, que opta por uma alternativa de menor preço. A Italac também se destacou ao conseguir alcançar a 8ª posição da lista principal lançando uma nova identidade de marca, modificando as embalagens e expandindo o portfólio.
O crescimento dessas marcas, assim como as de limpeza doméstica Brilhante e Tixan, aponta que, com o cenário econômico desaquecido, as pessoas se valem do custo-benefício na hora de efetuar a compra. O consumidor não deixa a proteína nem o leite de lado, mas procura uma opção mais em conta que também atenda às suas necessidades. Isto pode ser interpretado como indício de trade down: o comprador tem preferido colocar no carrinho marcas mais acessíveis em detrimento das tradicionais, de maior valor agregado.
“Enquanto 2014 foi um ano de incertezas, 2015 consolidou as mudanças no comportamento do brasileiro. Sua renda está diminuindo e para equilibrar seu bolso, os gastos também foram reduzidos, tornando o consumidor brasileiro muito mais racional com suas escolhas de compra. Entretanto, esta razão não quer dizer busca por preços mais baixos apenas, mas sim o melhor custo-benefício possível”, comenta Patricia Beber, Country Manager da Kantar Worldpanel no Brasil.