Em tempos em que é preciso fazer certas considerações nos gastos para não comprometer o financeiro, o brasileiro encontrou no canal de compra atacarejo sua opção para realizar a reposição de itens de sua cesta básica, principalmente, os itens considerados mais essenciais. “É conhecidamente um mercado que trabalha com a otimização de seus processos e redução dos custos”, analisa Patricia Cotti, coordenadora acadêmica da Academia de Varejo e diretora vogal do Ibevar. “O formato costuma oferecer melhores preços em comparação com os mercados tradicionais, que possuem lojas mais agradáveis, um melhor perfil de atendimento e produtos mais direcionados (um maior custo, portanto)”.
Dessa forma, com objetivo de conseguir economizar no fim do mês, os consumidores abriram mão de certos pontos, como melhor estrutura de lojas e diferentes formas de pagamento. Por outro lado, Patricia afirma que empresas que fazem parte dessa modalidade se viram obrigadas a também mudarem para atenderem essa maior demanda, bem como um perfil de cliente que, até então, não costumava atender. Assim, “é comum vermos um redirecionamento de alguns dos itens do sortimento e o início do oferecimento dos ditos itens complementares, que nem sempre são os mais baratos, mas que completam a cesta de compras do consumidor e aumentam o ticket médio”, explica.
A executiva ainda conta que esse novo público que está aderindo a esse canal é formado por consumidores tradicionais, que reduzem suas compras em determinados produtos. Mas, por outro lado, continuam dando valor aos itens de maior engajamento e vínculo emocional. “Esse tipo de comportamento causa, no mercado, o que chamamos de ‘efeito ampulheta’ – crescimento do Premium e do atacado (topo e base) e o encurtamento das vendas daqueles que estão posicionados no meio”, avalia. Sem contar que, por conta da crise e do aumento de demissões, também cresceu a presença de um nicho de clientes que criou um negócio como alternativa para se sustentar e vê no atacarejo o segmento para repor seus produtos e criar estoque.
E para lidar com essa maior demanda e novo público, Patricia comenta que a saída para as empresas dessa modalidade é na oferta de uma solução. “O benefício do preço deve ser atrelado à ideia de que aquele tipo de mercado é uma solução vantajosa para a vida do consumidor”, diz. “Este é outro dos motivos pelos quais as questões de gerenciamento de categorias e mix de produtos, se fazem tão importantes”. Até por conta disso que esses mercados passaram a rever suas operações, melhorar o atendimento e, principalmente, seu mix de produtos. “Questões como gestão de sortimento, gerenciamento de categorias e previsão de vendas estão sendo revistas de maneira a aumentar ainda mais o faturamento de acordo com as oportunidades existentes em loja hoje”, aponta ela.