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O impacto da web nas eleições presidenciais


A pesquisa A Mídia e Esfera Pública, realizada pelos pesquisadores Clóvis de Barros Filho, Marcelo Coutinho e Vladimir Safatle, do Centro de Altos Estudos de Propaganda e Marketing da ESPM, mapeou a disputa pelo voto em blogs e sites de comunidades na última eleição presidencial e mostrou como o uso da Internet afeta o comportamento de candidatos, eleitores e a cobertura da mídia no processo eleitoral. Os pesquisadores analisaram blogs de jornalistas políticos, sites de comunidades de Lula e Alckmin no Orkut reunindo um total de mais de 1 milhão de integrantes, e vídeos sobre as eleições com maior número de visualizações no Youtube.

“Verificamos que a rede complementa as notícias dos veículos tradicionais, ao mesmo tempo que permite que os eleitores mais envolvidos com o processo participem ativamente na criação, crítica e circulação de notícias que consideram ´distorcidas´ pela mídia tradicional”, afirma Vladimir Safatle. “No segundo turno desta eleição, estratégias de desqualificação da mídia tradicional foram amplamente utilizadas na Internet, ao menos para um público com tendências a votar no candidato governista”, complementa Clóvis de Barros Filho, que analisou não somente o conteúdo das notícias e comentários dos blogs, como também a maneira pela qual os jornalistas utilizavam e produziam as notícias na web.

Utilizando números do Ibope/NetRatings e observações diárias nas comunidades do Orkut, o estudo registrou um aumento da procura de informações nos principais blogs e sites de notícias sobre as eleições dos maiores portais, que receberam a visita de mais de 2,4 milhões de internautas residenciais em outubro (2o Turno), contra pouco mais de 400 mil em julho.

“Política não é um tema de grande audiência, mas o volume de eleitores no ´Cyberespaço´ já é suficiente para tornar a web uma ferramenta importante para a ativação dos eleitores mais envolvidos com cada partido”, afirma Marcelo Coutinho. Segundo o levantamento, a maior comunidade a favor de Alckmin atingiu 221 mil integrantes, o que a colocava como a 237a maior no Orkut (a maior comunidade pró-Lula ficou com 108 mil). “Apesar disso, a troca de informações dentro destes espaços foi intensa. Em dias de ´grandes eventos´ como debates, escândalos etc, o número de comentários passava de 10 mil nas principais comunidades de Lula e Alckmin. No dia do segundo turno, foram 30.575 postagens na principal comunidade pró-Lula e 54.803 na de Alckmin. No início de agosto, o número de postagens mal ultrapassava uma centena”, observa.

Tanto as comunidades quanto o YouTube foram importantes principalmente para a realização de campanhas negativas, nas quais se criticam ou ridicularizam os oponentes. O volume de participantes nas maiores comunidades anti-Lula superou 600 mil pessoas, enquanto o vídeo sobre política mais assistido no YouTube (400 mil visualizações) foi um sobre o comportamento negativo de Geraldo Alckmin em uma entrevista.

O estudo conclui que o aumento no uso da rede aponta para a sua importância na arena política, mas ainda está longe de se firmar como uma alternativa aos meios tradicionais de se fazer campanha, devido ao seu uso restrito no conjunto da população brasileira. “Acreditamos que o aumento do acesso, tanto via iniciativas públicas como por causa do barateamento do custo de computadores pode reverter este quadro nas próximas eleições presidenciais e, em algumas cidades, até antes”, afirma Marcelo Coutinho. “A experiência em outros países mostra que quando se passa a barreira de 50% da população conectada, a rede atinge uma massa crítica que a faz ocupar um papel mais decisivo na conquista dos votos. É possivel que, nas próximas eleições municipais, em 2008, algumas poucas cidades brasileiras já superem este patamar”, finaliza o pesquisador.

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