Os anos 90 foram intitulados de “década da informação”, mas de fato, foi após a virada do milênio, especialmente após 11 de setembro, que este conceito ganhou um foco mais preciso. Antes daquela manhã macabra, na qual o fundamentalismo islâmico colocou o mundo diante dos monitores de TV, continuidade de negócios era um tema em destaque somente para instituições de alguns mercados como o financeiro, geração de energia e serviços públicos essenciais. Aquele evento, contudo, fez a economia mundial paralisar-se de forma tão rápida e intensa que a maioria dos gestores passou a se questionar: “que garantias podemos dar aos nossos acionistas de que o empreendimento em que investiram existirá amanhã, de forma viável e sustentável?”.
A partir de então, iniciativas de regulamentação das operações do mundo empresarial passaram a contemplar um nível ainda maior de exigência, no tocante à sustentabilidade de cada empresa no mercado. O termo governança corporativa surgiu nos meios empresarias para definir os padrões de governabilidade de um empreendimento, dentro de parâmetros de boas práticas conhecidas e de resultados esperados para cada setor de mercado. As regulamentações foram ganhando destaque em cada setor em função de suas peculiaridades como: Sarbanes-Oaxley para as empresas com ações na Bolsa de Nova York, HIPAA para as empresas do setor de saúde, BS7799 para o setor de segurança de uma forma horizontal, entre outros.
Dentre os diversos impactos gerados por estas mudanças, podemos destacar com muita clareza a valorização estupenda que a informação obteve nos últimos cinco anos. Meses após o desatre no World Trade Center em Nova York, as autoridades de segurança norte-americanas descobriram, após uma análise minuciosa de toda a base de dados, estruturados ou não, armazenados nos sistemas de controle de acesso nos aeroportos e em escolas de pilotagem, que teria sido possível prever que um plano de ataque terrorista estava sendo desenvolvido. Todos os dados estavam lá armazenados, mas o fato de não existir um processo de classificação dos mesmos, para instruir os processos de prevenção, tornou impossível evitar o desastre. Ou seja, dados armazenados sem uma análise de contexto, não tem valor informativo.
Com a expansão da globalização, a força da União Européia, da China e outras alterações profundas na economia mundial, a informação passou a ser o sangue que corre nas veias da economia mundial. Economia esta hoje integrada de tal forma que a falência de uma empresa na China pode provocar a queda na bolsa de Nova York e a migração de recursos financeiros de investimentos em negócios emergentes de um país para o outro através de uma ligação telefônica ou mensagem via celular. A informação está disponível em literalmente qualquer lugar do planeta onde um sinal de rádio possa estar presente.
Com o aumento da importância da informação, e como ela hoje é praticamente 100% digital, a área que sustenta sua existência seria como o alicerce para a sobrevida da empresa no mundo moderno. Mesmo assim, diante da crescente importância desta tecnologia de infra-estrutura, há quem pergunte “TI interessa?”. Este foi o caso do jornalista e escritor Nicholas Carr, no célebre artigo da Harvard Business Review, no qual questionou o interminável ciclo de atualizações de hardware e software, que, consumindo os recursos financeiros das organizações, estariam atravancando o crescimento daquelas que menos dependem de TI para sua sobrevivência no mercado. Por não ser uma tecnologia estratégica, diz Carr, TI deveria ser considerada como a energia elétrica consumida em qualquer lugar. O artigo causou um enorme movimento no mundo das altas esferas corporativas, especialmente entre os CEOs e CFOs, leigos da tecnologia e cansados de desprender tantos recursos com tecnologia, sem ver com clareza o resultado destes investimentos nos resultados operacionais para os acionistas.
Na contra mão destas conclusões, o que o mundo demonstra a cada dia é sua maior dependência dos recursos de TI e a maior valorização da informação empresarial e dos sistemas que a contém, fazendo com que as empresas que demonstram melhores resultados sejam aquelas que têm conseguido fazer uso da informação de forma a conquistar mercado e manter seu posicionamento competitivo, especialmente no sempre crescente setor de serviços.
Tecnologia de Informação certamente não interessa aos CEOs, mas a Informação que esta tecnologia protege é o sangue de seus negócios. Os CIOs, ou Chief Information Officers, serão cada vez mais administradores que deverão entender dos negócios como um todo e não simplesmente como técnicos e arquitetos dos “bits e bytes”. Donos do intrincado sistemas de artérias e vasos que levam as informações para todos os membros da organização, serão cada vez mais senhores da saúde empresarial no mundo globalizado da informação digital.
Nos mais diversos componentes que integram esta infra-estrutura de hardware e software, estão os subsistemas de armazenamento. Morada dos dados, representação digital das preciosas informações de negócios que mantém vivas as corporações de hoje. Se a informação é o sangue e TI é o sistema circulatório, a área de armazenamento de dados é hoje certamente o coração das empresas conectadas.
Num mundo globalizado, no qual a continuidade dos negócios depende da informação certa, no lugar certo, no tempo e forma adequados, manter os dados à salvo de um desastre nos parece uma atividade mais do que estratégica para qualquer organização. Dentro deste preceito, a governança corporativa vem definindo parâmetros cada vez mais rígidos para a aferição da capacidade das empresas em manter as informações disponíveis ao acesso pelas áreas de negócios das empresas. Mais que isso, em caso de um desastre imprevisto, a capacidade de restaurar o acesso aos sistemas informativos dentro de parâmetros pré-definidos para cada mercado, através de regulamentações específicas.
Se você é um gestor empresarial ou pensa em se tornar um, leve em consideração que a informação é o patrimônio maior de qualquer organização do século 21. Use-a a favor do seu sucesso.
Marco Antonio Carvalho é diretor da Skill-Computer.