Grande decepção entre os países emergentes conhecidos como “BRICs” e crescendo menos que alguns vizinhos da América Latina, o Brasil busca, enfim, estimular a economia com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Enquanto os especialistas discutem a real capacidade do PAC de reverter o nosso pífio desempenho econômico, setores não contemplados se organizam para buscar sua inclusão no plano.
É o caso da educação, da agricultura, da indústria, do comércio, enfim, de todas as áreas, cada uma reivindicando uma fatia do bolo com potencial de crescimento.
O PAC pode realmente estimular a economia e melhorar o desempenho do país. O problema é que não resolve questões essenciais para que o crescimento seja sustentado e garanta uma inserção mais vantajosa do Brasil na economia globalizada.
Fazendo uma analogia, se der certo, o plano tira o Brasil da UTI remediando apenas os sintomas, sem tratar a doença do atraso. Vai induzir o crescimento estimulando projetos principalmente na área de infra-estrutura que, embora necessários, são problemas que deveriam ter sido equacionados no século passado. Em curto prazo, pode até fazer o “espetáculo do crescimento” acontecer, mas não melhora a posição do Brasil com relação a seus competidores.
O que mais impressiona é que o PAC não contempla, em nenhum momento, qualquer estímulo à inovação tecnológica, a competitividade industrial e a educação de alto nível. Em outras palavras, não trata de áreas que são consideradas estratégicas em todos os países desenvolvidos e emergentes, como China e Índia. Se não inserir essa visão como prioridade, o PAC, assim como muitos outros planos, poderá ser apenas mais uma ação pontual de curta duração.
Sylvio Goulart Rosa Jr. é Presidente da Fundação ParqTec.