Autora: Patrícia Centeno
Responsabilidade é uma qualidade que deve ser compreendida sempre como um compromisso, seja nos momentos de bonança, ou nos de crise. Felizmente, parece que as empresas brasileiras e seus gestores têm entendido bem esta realidade. Refiro-me às demonstrações crescentes de que o mundo corporativo está efetivamente comprometido em agir e manter a sociedade informada sobre suas iniciativas socialmente responsáveis. Podemos notar o número crescente de empresas – até mesmo as pequenas e médias – que têm se preocupado em divulgar Balanços Sociais ou os completos relatórios de sustentabilidade. Trata-se de uma tendência mundial que foi encampada pelo empresariado brasileiro e que a cada ano agrega novos entusiastas e participantes.
É importante lembrar que não basta às empresas adotar políticas internalizadas de responsabilidade social corporativa. Cabe a elas, em uma sociedade cada dia mais ligada às informações, tornar públicas suas ações, divulgando-as, sempre com correção, precisão e verdade nos dados informados. Divulgar as ações de responsabilidade social corporativa tem também se transformado em uma necessidade, afinal, com o acesso facilitado às tecnologias da informação e comunicação, em especial à Internet, as pessoas estão mais bem informadas e exigentes em relação àquilo que consomem e à forma como as empresas se relacionam com a sociedade, com o meio ambiente e com toda a sua cadeia produtiva.
Por outro lado, o segmento que está exigindo cada dia mais atenção das empresas às suas atitudes e iniciativas socialmente responsáveis é o das instituições financeiras. Não é raro que bancos ou entidades creditícias exijam comprovação de respeito socioambiental ou contrapartidas responsáveis ao concederem financiamento às organizações. E eles não querem apenas saber se os recursos emprestados serão responsavelmente empregados, mas exigem postura responsável histórica, costumeira e comprovada dos tomadores.
Vale destacar que as empresas que adotam medidas sustentáveis naturalmente possuem sistemas de controle, de gestão e de organização mais desenvolvidos e eficientes, o que se reflete na aplicação de adequadas políticas e ações de governança corporativa. Sendo assim, acabam se enquadrando no grupo de empresas mais equilibradas e, portanto, menos suscetíveis aos efeitos de crises econômicas e financeiras.
A discussão em torno de ações sustentáveis envolve sempre princípios que devem nortear a forma como as empresas – e até mesmo as pessoas – atuam e se inserem na sociedade. Adotar uma postura sempre ética é o primeiro e maior passo em direção às boas práticas e relação honesta de uma corporação com os seus diversos stakeholders. Dessa forma, a divulgação de balanços sociais ou dos completos relatórios de sustentabilidade torna-se uma valiosa ferramenta de demonstração de maturidade empresarial.
Patrícia Centeno é gerente sênior da área de Sustentabilidade da Bdo Trevisan.