Manter funcionários empenhados dentro das empresas não é tarefa fácil para ninguém. Empresários e executivos se preocupam com a queda de produtividade, a falta de envolvimento e comprometimento dos empregados. Em contrapartida, funcionários também ficam desmotivados com a falta de perspectivas dentro das empresas, queixam-se de pouca orientação e das mudanças.
Hoje todavia, tais questões estão ainda mais presentes, com o desenvolvimento, modernização e transformação nas estruturas organizacionais e nas expectativas de performance que se tem sobre os empregados. Afinal, o que os empregados esperam das empresas em que trabalham? Parece que os discursos atuais de empregabilidade e de posse da própria carreira foram assimilados, pois grande parte das pessoas afirmam que sairiam da empresa onde está em busca de um novo salário ou de uma nova oportunidade. Isso é o que revela a pesquisa realizada pela LCZ desenvolvimento de pessoas e organizações e ComSenso, agência de estudos do comportamento.
Segundo o estudo, 57% dos alunos das cadeiras de administração de RH e negociação do curso de pós-graduação da FV – Fundação Vanzolini – (USP), indica o salário como o principal motivo para deixar a empresa atual. “A intenção era analisar qual o vínculo dos alunos com suas empresas já que muitos reclamavam das condições em que trabalhavam. Chamou muito a atenção também o nível das reclamações que alunos fazem do dia-a-dia de trabalho nas empresas”, afirma Luis Felipe Cortoni, sócio-diretor da LCZ.
“O resultado nos deixou surpreso, pois se pode verificar que alguns temas ainda não foram resolvidos na relação empregado versus empresa, como por exemplo, quem é o responsável pelo desenvolvimento profissional de um empregado”, diz Cortoni. O estudo constatou também que, 65% acha que a empresa deve pagar cursos para melhorar o desempenho na função em que atua. “No entanto sabemos que 90% dos alunos paga do próprio bolso sua pós” complementa.
A pesquisa foi realizada com 153 alunos da FV em novembro de 2003. 73% dos entrevistados eram homens e 27% mulheres, a maioria atua na área de engenharia, 56% trabalham em multinacionais, 42% em empresas nacionais e 2% em estatais. O resultado da pesquisa indica também a direção das mudanças do comportamento das pessoas nas empresas. A maioria não acha que é necessário permanecer muito tempo numa mesma empresa para ter uma boa carreira profissional. “Já não é como se pensava antigamente, naquela época se desejava e se valorizava muito mais a estabilidade no emprego, e a permanência de toda vida profissional numa só empresa”, diz Cortoni.
Fica o alerta para área de RH: 60% dos alunos acredita que os programas de treinamento que participaram contribuíram para o crescimento profissional. No entanto, há um número significativo, 31%, que não tem esta percepção. Além disso, os departamentos de RH não têm uma imagem nada favorável: 70% dos entrevistados considera a área lenta, 60% afirma que não tem credibilidade e 56% acham que o departamento é ineficiente.