Autora: Adriana Silva
Imagine-se preso em um quarto escuro cheio de baratas selvagens, sabendo que sua liberdade depende apenas de você. Levando a situação para o universo da tecnologia, basta te explicar o processo de Machine Learning e você estará livre delas.
Sem dúvida, seu objetivo é conseguir fugir desse lugar, pois baratas são reconhecidamente asquerosas, medonhas e sujas. Mas você já pensou sobre o papel delas no ecossistema? No momento em que pensamos nelas como parte do todo, notamos que esses bichinhos nojentos são, na verdade, tão interessantes quanto os conceitos de Inteligência Artificial, Machine Learning, Internet das Coisas e Big Data.
Sendo bem simplista, podemos dizer que o Big Data surgiu da necessidade de termos resultados de análises de uma forma rápida, e isso me fez lembrar das baratas. Se elas fossem seres humanos, seriam capazes de correr a 320 km/h.
Se pensarmos no conceito de Machine Learning, que consiste em fazer com que a máquina aprenda algum padrão e faça previsões, temos uma série de analogias. Você sabia que as baratas não vivem no frio? Algo parecido acontece com o Machine Learning e a Inteligência Artificial, que deixam de existir sem os dados. Sendo assim, se você quiser fugir de uma barata, vá morar no Polo Norte; se não quiser ter algoritmos, não colete dados.
Muitos não sabem, mas o ciclo de vida de uma barata dura de cinco a seis meses. Interessante o quanto isso se parece com o ciclo de vida de um modelo preditivo. Nenhum modelo de Machine Learning dura para sempre. De tempos em tempos, ele deve ser reajustado ou reestimado.
Uma única barata pode ter até 800 filhotes durante esse ciclo de vida. Imagine quantas baratinhas não nascem diariamente. De novo, isso é muito semelhante a um processo de modelagem. A criação de modelos exige uma forte análise exploratória dos dados e entendimento do negócio. É muito divertido começar esse processo, pois ao longo do caminho outras novas 800 ideias de análises surgirão e, com isso, entra-se no looping da descoberta. Se uma barata é capaz de gerar tantos filhos, um processo de exploração de dados pode gerar inúmeras oportunidades.
Você já tentou matar uma barata? Não é fácil porque ela é muito ligeira. Mas você sabe o porquê? É que ela tem em sua “retaguarda” alguns pequenos pelinhos que servem como sensores. Eles coletam dados e são usados para que a barata se livre de qualquer ameaça, o que é incrível, pois é como ter o conceito perfeito de Internet das Coisas em suas próprias nádegas! Ou seja, os sensores coletam informações e, sob ameaça, disparam o comando para ela correr de maneira desenfreada.
Depois dessa leitura, tenho certeza de que você olhará para as baratas de uma forma diferente e notará também que Inteligência Artificial, Machine Learning e afins não são como mágica. Isso nada mais é do que um mito, pois são dois conceitos que exigem atenção e esforço. E entramos aqui em uma nova analogia, já que o mito em relação às baratas é dizer que elas sobrevivem a uma bomba nuclear; uma grande mentira.
Adriana Silva é head de analytics do SAS Brasil.