Autor: Juarez Zortea
O mercado de fintechs tem crescido exponencialmente no Brasil. Atualmente, são 453 startups focadas em soluções financeiras no país, de acordo com o mapeamento Radar Fintech Lab. Esse aquecimento se deve às inovações, que tornam mais democrático o mercado financeiro brasileiro. Em abril deste ano, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou um regulamento que aprova a atividade das fintechs de crédito, permitindo a atuação de empresas de tecnologia sem vínculo com instituições financeiras.
Claramente, as fintechs têm acertado a mão na estratégia de operação no mercado, já que continuam a crescer de forma contínua. Embora seja perceptível que instituições tradicionais avançam no desenvolvimento de seus modelos de negócio, a cultura de inovação, agilidade e engajamento do consumidor permitiu que Fintechs ganhassem relevância rapidamente. Mas o que as leva a destacarem e continuarem ganhando mercado?
Fintechs surgem para serem disruptivas
Com a inovação no cerne de suas operações, as fintechs são incentivadas, tanto pelos seus gestores quanto pelos investidores, a testarem continuamente seu modelo de negócios, aprendendo e repetindo à medida em que vão se desenvolvendo institucionalmente. Devido a esse cenário, eles investem em produtos que geram rápido conhecimento e engajamento junto aos consumidores.
Embora esse modelo de aprendizado contínuo possa resultar em algumas “correções de curso”, as fintechs não os entendem como falhas. Esses “equívocos” são vistos como investimentos necessários para, em última instância, identificar quais produtos, recursos e formas de engajamento aderem melhor ao seu consumidor-alvo.
fintechs geram valor agregado a partir da experiência do consumidor
Seja para comprar um sapato ou na procura por serviços de crédito, os consumidores buscam as melhores ofertas. Inovações, como pré-qualificação de perfil, permitem que os interessados no crédito entendam melhor as opções de empréstimo disponíveis, sem se preocupar com um possível histórico financeiro negativo.
Além disso, muitas fintechs atuam fortemente para identificar diferentes nichos de mercado, desenvolvendo propostas de valor exclusivas voltadas para esses públicos específicos. Tudo, desde o posicionamento distinto do produto até a estratégia de disseminação de mensagens e marketing, depende do que mais adere dentro de cada nicho. Uma estratégia das fintechs é não tentar ser a mesma companhia para todas as pessoas, e sim a opção certa na hora certa
Fintechs usam dados como um diferenciador
As fintechs usam todos os tipos de metodologias baseadas em dados para determinar a solvabilidade. Desde uma subscrição a partir de score individual a modelos avançados de análise de perfil e aprendizagem contínua, qualquer instituição financeira depende de dados para avaliar os consumidores, determinar os termos de empréstimo apropriados e o risco associado para cada indivíduo ou empresa. As fintechs combinam informações tradicionais com dados alternativos para avaliar, de maneira mais eficiente possível, os públicos que solicitam crédito.
Ao analisar tipos de dados não tradicionais, as fintechs obtêm uma compreensão mais rica de seus atuais e possíveis consumidores, além de permitir a criação de uma base de clientes mais granular e altamente segmentada. Usando uma visão refinada do risco, os credores podem identificar grupos restritos de públicos, bem como aqueles que podem ser negligenciados pelos métodos tradicionais de pontuação e análise. Esse processo permite que as fintechs forneçam produtos e condições de empréstimo extremamente competitivos – um fator essencial para o aumento da participação de mercado nos últimos anos – sem assumir riscos adicionais.
A riqueza de dados e o conhecimento sobre o público é essencial, mas é importante contar com parceiros que obtém os dados corretos e que vinculam, analisam e interpretam essas informações, permitindo que as fintechs continuem a fazer o que fazem melhor: interagir e inovar.
Juarez Zortea é presidente da TransUnion Brasil.