Os reflexos da queda do otimismo
Apesar do recuo mensal de 2,8% (de 127,1 para 123,5 pontos) entre maio e junho de 2012, o ICC, Índice de Confiança do Consumidor, da Fundação Getulio Vargas – composto por cinco quesitos contidos na Sondagem de Expectativas do Consumidor, mantém-se estável se observado em médias trimestrais, de acordo com a FGV.
Dentre os indicadores integrantes do ICC, o que mede a expectativa do consumidor em relação à situação econômica local nos seis meses seguintes, foi o que mais contribuiu para a queda da confiança em junho. O indicador diminuiu 5,9%, ao passar de 124,4 para 117,1 pontos. A parcela de consumidores projetando um ambiente melhor nos meses seguintes passou de 36,5% para 33,1%; a dos que preveem uma piora aumentou de 12,1% para 16,0%.
Pelo segundo mês consecutivo, houve piora das avaliações sobre o momento atual e diminuição do otimismo dos consumidores em relação aos meses seguintes. Entre maio e junho o ISA, Índice da Situação Atual, caiu 4,4%, ao passar de 145,5 para 139,1 pontos, revertendo também a tendência da média móvel (Médias Móveis eliminam grandes oscilações nos números e filtra somente o movimento principal) trimestral. O Índice de Expectativas recuou 1,8%, de 117,0 para 114,9 pontos. Apesar do declínio, este último índice mantém-se em alta trimestral.
A satisfação dos consumidores com a situação econômica local diminuiu pelo segundo mês seguido. Ao passar de 116,7 para 110,0 pontos, o indicador do quesito recuou 5,7%, ao menor nível desde fevereiro (107,4 pontos). Entre maio e junho, a proporção de consumidores que avaliam a situação como boa diminuiu de 31,5% para 27,7%; a dos que a julgam ruim aumentou de 14,8% para 17,7%.
A Sondagem de Expectativas do Consumidor é feita com base numa amostra com mais de 2.000 domicílios em sete capitais brasileiras. A coleta de dados para a edição de junho de 2012 foi realizada entre os dias 01 e 20 deste mês. “Quando o consumidor percebe no mercado que alguma coisa não vai bem, como acontece no caso do índice da Bolsa de Valores nos últimos dias, a alta do dólar, entre outros fatores, ele naturalmente se sente um pouco mais inseguro. No entanto um pequeno vislumbre de melhora da situação reflete no aumento da confiança do consumidor, portando, devido à volatilidade destes dados, não há motivos para alarde”, afirma César Celasani, professor de economia na FGV, em entrevista exclusiva ao portal ClienteSA.
Este cenário é respingo da enxurrada da crise externa, de acordo com o professor, mas, é algo previsível e não requer medidas drásticas. “É provável que estes índices voltem a subir no quarto trimestre do ano com as datas festivas e o investimento massivo das empresas e dos consumidores. O brasileiro por si é consumista e é muito difícil que ele não compre por medo da crise. Eu acredito que teremos uma demanda razoável para o Natal”, frisa.
Segundo Celasani, a única coisa que pode ocorrer devido à queda dos índices é a retardação de projetos de longo prazo das empresas. “Por exemplo, projetos de construir novas fábricas ou filiais já têm sido retardados por empresas que esperam um melhor momento econômico, porém, isso é compreensivo. Não há o que temer”, pontua. “Para agora, espera-se que os empresários invistam. Ficar de braços cruzados não melhora a situação. Em um sistema capitalista, espera-se que haja uma ponta consumidora e, para isso, a ponta que oferta precisa investir”, aconselha e finaliza o especialista.