Gabryella Correa, CEO da Lady Driver

Os trunfos da conexão feminina na experiência de mobilidade

CEO da Lady Driver apresenta os diferenciais que têm permitido a expansão do aplicativo de transporte exclusivo para mulheres

Se, por um lado, pesquisas mostram que há poucas motoristas nos aplicativos de mobilidade, de outro, levantamento do Instituto Locomotiva e Instituto Patrícia Galvão mostra que 97% das mulheres sofrem algum tipo de assédio nos meios de transportes. Esse cenário serviu de inspiração para o desenvolvimento da Lady Driver, aplicativo exclusivo para mulheres. Fundada há sete anos, a empresa já conta com mais de dois milhões de passageiras na base e mais de 105 mil motoristas cadastradas. Além disso, a empresa vem expandindo o modelo de negócios por meio de licenciamentos fora de São Paulo (SP), estando hoje com parceiras no estilo franquia em mais de 80 cidades brasileiras, com perspectivas concretas de mais do que duplicar esse alcance, além de chegar em outros países. Detalhando o êxito e os desafios inerentes ao desbravamento desse mercado que visa dar mais segurança na mobilidade urbana, Gabryella Correa, CEO da Lady Driver, foi a convidada, hoje (31), da 844ª edição da Série Lives – Entrevista ClienteSA.

Logo de início, Gabryella chamou a atenção para dois fatos expressivos conquistados pela Lady Driver: segundo o Financial Times, trata-se do maior aplicativo do gênero em todo o mundo e que já alcançou a marca de mais de dois milhões de passageiras servidas por cerca de 105 mil motoristas cadastradas em 80 cidades brasileiras. Depois de esboçar o anúncio da expansão para o exterior, a executiva foi convidada a contar como tudo efetivamente começou. A ideia surgiu a partir de um episódio de assédio sexual sofrido por ela mesma dentro de um carro de aplicativo, descobrindo depois tratar-se de algo comum. “De acordo com uma pesquisa do instituto Locomotiva, 97% das mulheres já sofreram esse tipo de violência física ou moral em todos os tipos de transportes, tanto no público como no privado. Ou seja, uma dor pela qual já passaram quase todas as pessoas do sexo feminino no País.”

A partir desse ocorrido, em 2016, ao conversar com amigas sobre o assunto, concluiu que faltava um aplicativo de mobilidade só de motoristas mulheres. Foi nesse momento que, refletindo sobre o potencial, mesmo vindo de uma frustrada experiência anterior de empreendedorismo, não pensou duas vezes: “vou criar esse aplicativo”.  Ajudou muito nessa decisão, ao lado do nítido propósito de sanar uma dor bastante inconveniente no meio feminino, o fato de ter trabalhado com seu pai, dono de uma oficina mecânica. Ali, pôde não só aprender muito sobre particularidades dos veículos, como perceber que sua presença atraía mulheres buscando um socorro, sentindo-se mais à vontade em um local em que podiam tratar de mulher para mulher dentro de outro tipo de negócio predominantemente masculino.

No meio da história, dada a relevância das estratégias de CX nos negócios, Gabryella foi indagada se vislumbrava que o fato de se tratar de um empreendimento girando completamente em torno do mundo feminino facilitaria, tanto em relação às motoristas quanto às passageiras, que são as consumidoras finais. A CEO respondeu que, em parte, sim. “Mesmo sendo mais fácil atrair parceiras e clientes por ser uma atividade focada nas necessidades das mesmas, nosso aplicativo foca na segurança, diferentemente dos demais, cujo objetivo central é a rapidez no atendimento, e, com isso, nem sempre as clientes ficam totalmente satisfeitas. Portanto, nosso maior desafio, por enquanto, é conscientizar as passageiras no sentido da positiva relação custo-benefício que é esperar um pouco mais em favor de se sentir mais segura e confortável na viagem. Quando entendem, então, que é um serviço premium, especializado e personalizado para a mulher e suas famílias, a fidelização acontece.”

Ao ser perguntada se, no começo, em 2017, ela contou com colaboradoras nas equipes, Gabryella relatou outro gap importante no mundo do trabalho, com relativamente poucas mulheres com formação e experiência significativa na área de TI. Foi preciso mesclar as equipes em várias áreas, sem perder o foco e o propósito. Tanto que, se manteve o critério da startup de só aceitar cadastro de mulheres como clientes, mesmo que, no desenvolvimento dos serviços se possa resolver problemas das mesmas levando seus filhos, meninos e meninas à escola, transportando idosos da família. A base, dessa forma, é inteiramente feminina, algo que se estendeu também para o modelo de crescimento do empreendimento para outras cidades. “Escolhemos o modelo de franchising, formando parceiras licenciadas para instalação da Lady Driver em outros centros. Ali, cada uma delas é a ‘dona do negócio’, levando adiante nossos objetivos e propósito.” Neste caso, explicou a executiva, se surgirem homens interessados nessa expansão da marca, é imprescindível que ele tenha uma mulher como sócia igualitária no licenciamento. A CEO detalhou os motivos que a levaram a ampliar, há dois anos, o modelo de negócio, atendendo a uma demanda latente com os licenciamentos, disponíveis a qualquer cidade com mais de 30 mil habitantes.

Depois de contar que o serviço já chamou a atenção em outros países mostrando que a expansão no exterior será em breve uma realidade, Gabryella ainda esmiuçou as formas de ouvir motoristas, passageiras e parceiras, incrementando a atividade a partir da voz das mesmas, com o surgimento, por exemplo, do Lady Kiddos e Lady Care, entre muitos outros temas. O vídeo, na íntegra, está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 843 lives realizadas desde março de 2020, em um acervo que já passa de 2,6 mil vídeos sobre cultura cliente. Aproveite para também se inscrever. A Série Lives – Entrevista ClienteSA volta amanhã (01), trazendo Romael Soso e Robert Nunes, respectivamente o CEO e o CDO da Portobello Shop, que abordarão os avanços em digital e cultura centrada no cliente; e, encerrando a semana, o Sextou debaterá o tema “Inovação ou invenção? Como se alinhar às necessidades dos clientes”, reunindo Jordan Rizetto, vice-presidente de marketing da Herbalife para as Américas Central e do Sul, Leo Mack, COO e cofundador da uCondo, Maiara Muraro, vice-presidente de marketing, inovação e comercial da Avivatec, e Alexandre Gerardo, diretor geral da Acer do Brasil.

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