De acordo com o último estudo Mobinet, realizado semestralmente pela consultoria em alta gestão A.T. Kearney e pelo Instituto Judge, da Escola de Administração de Empresas da Universidade de Cambridge, 44% dos usuários de telefones celulares em 14 países afirmam que estão interessados em usar os aparelhos para efetuar pagamentos de pequeno valor, como pagar ônibus, táxi, trem ou itens adquiridos em máquinas.
O estudo, realizado com 5,6 mil usuários de celulares em quatro continentes, revelou que 80% dos usuários em alguns países europeus utilizam os serviços de mensagens curtas (SMS) pelo menos uma vez por mês; a expansão do uso de serviços SMS trouxe um acentuado aumento no uso destes como veículo de propaganda, se comparado ao último estudo Mobinet em junho de 2001.
O estudo Mobinet conduzido em janeiro de 2002 revelou que 44% dos entrevistados usaria a função de dinheiro “móvel” (ou “m-cash”) se pudessem. A maior intenção de uso foi registrada no Japão com 50%, seguida de 46% na Europa, 43% no restante da Ásia e 38% nos Estados Unidos. No entanto, apenas 2% dos usuários de celulares informaram que já usaram o m-cash.
“No Brasil, as primeiras experiências de pagamento através do telefone celular já estão sendo realizadas, mas a penetração ainda é muito pequena. A renovação tecnológica com a expansão do 1xRTT e instalação do GSM/GPRS poderá trazer um rápido crescimento do uso de SMS, mensagens avançadas e pagamentos eletrônicos. Assim, o Brasil poderá ser um dos grandes mercados para o m-cash”, disse Jairo Okret, vice-presidente da prática de comunicações e alta tecnologia da A.T. Kearney no Brasil.
“O gosto do consumidor, no que diz respeito à telefonia celular, ainda não se firmou, portanto é imprescindível que a comunidade de fabricantes de aparelhos celulares, operadoras de telecomunicações, provedores de conteúdo e firmas de serviços financeiros se organizem rapidamente para oferecer estas funções de pagamento aos telefones celulares, antes que o interesse do consumidor acabe desaparecendo”, disse Paul Collins, no comando da A.T. Kearney e responsável pelo estudo.
Uma das aplicações móveis amplamente aceita por usuários de celulares é o serviço SMS, que, segundo o último estudo Mobinet, obteve uma penetração maciça em alguns países. Mais de 80% dos usuários de celulares da Finlândia e do Reino Unido informaram que usam, no mínimo uma ou mais vez ao mês, estes serviços. Na Suécia, Cingapura, Itália e Alemanha, a utilização uma vez ao mês beira os 75%. Nos 14 países pesquisados, 35% dos entrevistados disseram que usam serviços SMS pelo menos uma vez ao dia, sendo que este índice registrou 41% na Europa, 33% na Ásia e 5% nos EUA.
O uso de serviços SMS continua sendo mais popular na faixa etária abaixo de 25 anos (50% utilizam os serviços uma vez ao dia). No entanto, a tendência identificada no estudo Mobinet de junho de 2001, foi que este uso está se espalhando rapidamente nas outras faixas etárias. Nos 14 países estudados, 45% dos usuários de telefonia móvel na faixa de 25-34 anos e 28% na de 35-44 anos, informaram que usam estes serviços pelo menos uma vez por dia.
O próximo passo para o desenvolvimento dos serviços SMS é a promoção de novos usos em transações baseadas nos serviços SMS, assim como a introdução de novas funções com a mesma simplicidade, como serviços de mensagens multimídia, serviços baseados em localização ou serviços avançados de mensagens. De fato, 13% dos usuários de celulares no mundo e 18% na Europa informaram que já utilizaram funções baseadas em serviços SMS para efetuar o download de diferentes sons para seus telefones, assim como de logotipos.
A expansão do uso de serviços SMS também trouxe um acentuado aumento no uso desse veículo para propaganda. O estudo comprovou ainda que a penetração de telefones com acesso à internet continua crescendo. Um terço dos entrevistados no mundo, respondeu que seus aparelhos estavam capacitados (23% nos EUA, 33% na Europa, 67% no Japão e 29% nos demais países da Ásia). Isso representa um crescimento de 41% em relação à pesquisa realizada em junho de 2001. No entanto, o número de usuários que usam seus celulares para acessar a Internet permanece inalterado. Com a exceção do Japão, a grande maioria dos usuários de celulares com acesso à internet, jamais utilizou este recurso de seus aparelhos.
“Os estudos Mobinet estão contribuindo para que entendamos o que significa a expressão comércio móvel (m-commerce)”, disse o professor Chong Choi da Universidade de Cambridge. “Ao contrário das primeiras expectativas, o comércio móvel não é uma extensão do comércio eletrônico, ou seja, caracterizado por grandes volumes de compras na internet. Está ficando cada vez mais claro que o comércio móvel envolve muito mais mensagens multimídia e a utilização do celular para efetuar pagamentos”.