Autor: Wellington Pereira Marques
A população brasileira é mundialmente conhecida pela sua característica empreendedora e criativa. Estes fatores não têm se mostrado suficientes para culminar, ou em algum grau ajudar, no desenvolvimento sustentável de nossa economia e de nossas empresas. Muito pelo contrário. Estatísticas que demonstram a elevada taxa de mortalidade prematura das organizações, principalmente as pequenas e médias, são freqüentemente expostas na mídia em geral. De certa forma, esse cenário reflete muito bem em nossa inconveniente realidade.
Mas, afinal de contas, ao que podemos atribuir os elevados índices de insucesso destes empreendedores? Sem sombra de dúvida, a insistência em aventurar-se amadoramente na árdua e complexa atividade de estabelecerem-se como empresários.
Acredito piamente que, se ao decidir montar uma empresa, estes cidadãos se comprometessem a desenvolver o respectivo plano de negócios, com certeza, a realidade seria bem diferente. Ouso mais, diria que a apresentação de um plano de negócios deveria ser obrigatória quando alguém decidisse abrir uma empresa. Pleitear a abertura, normalmente, consiste em submeter-se a uma imensa burocracia, por sinal, muitas vezes, desnecessariamente. Adotar um documento como este que potencializaria as chances de êxito de forma exponencial, não seria nada ruim.
Elaborar um plano de negócios, consistente e agregador, não é uma tarefa tão simples, o que acaba por, na maioria das vezes, desmotivar esses profissionais a enveredar-se neste trabalho. Tudo o que dá trabalho, infelizmente, não é priorizado. Se tivessem a oportunidade de visualizar o que a ausência desse trabalho provavelmente gerará em um futuro bem próximo, com certeza repensariam sobre este aspecto.
Quem não conhece alguém que investiu todas as suas economias, muitas vezes fruto de uma vida inteira de árduo trabalho, em determinado empreendimento e em meses viu seu sonho ruir-se e seu dinheiro escoar-se pelo ralo?
Segundo Salin, plano de negócios é um documento que contém a caracterização do negócio, sua forma de operar, suas estratégias, seu plano para conquistar uma fatia do mercado e as projeções de despesas, receitas e resultados financeiros.
Durante o desenvolvimento deste precioso documento, as seguintes indagações devem ser respondidas:
– Qual é o negócio?
– Aonde quer se chegar?
– O que será vendido?
– Para quem será vendido?
– Quais serão as estratégias utilizadas?
– Como será conquistado o mercado alvo?
– Quais são os fatores críticos de sucesso do negócio?
– Qual será o investimento necessário?
– Qual será o retorno sobre o capital investido?
– Aonde quer se chegar?
– O que será vendido?
– Para quem será vendido?
– Quais serão as estratégias utilizadas?
– Como será conquistado o mercado alvo?
– Quais são os fatores críticos de sucesso do negócio?
– Qual será o investimento necessário?
– Qual será o retorno sobre o capital investido?
Normalmente, é estruturado em:
Sumário executivo: é um extrato claro e objetivo do negócio, pois caracteriza-se como a carta de apresentação do plano. Muitos analistas e financiadores, grandes interessados nestes documentos, lêem apenas o sumário executivo de um plano de negócios. Por isso, deve ter objetividade e clareza para explicar, em não mais que três páginas, que determinado negócio é atraente e que vale a pena ler o plano como um todo. Deve resumir as principais informações, tais como: objetivo do Plano de Negócios e a oportunidade vislumbrada.
Resumo da empresa: consiste em uma apresentação geral da organização. Deve explicar o que a empresa irá fazer, destacando quais os produtos ou serviços que serão comercializados, bem como a forma legal de constituição (sociedade simples, empresária, sociedade anônima por ações ou até mesmo uma cooperativa). Nesta etapa, é importante referenciar quem são os sócios, destacando suas características e aporte de capital que cada um está disposto a injetar no negócio.
Produtos e Serviços: nesta fase, os produtos e serviços, bem como suas características, devem ser detalhados. Um dos pressupostos mais importantes que deve ser considerado, quando se fala dos produtos e serviços, é a definição dos mecanismos que serão utilizados para estar atento às novas demandas do mercado. Aproveitar oportunidades para modificar e melhorar o produto/serviço, adicionando novas características e funcionalidades, faz parte desse processo.
Análise do Mercado: esta talvez seja uma das atividades mais importantes e complexas de um plano, pois exige que o empreendedor conheça a fundo o mercado em que deseja atuar. É necessária a correta compreensão de quem são os clientes, onde estão, quais são seus desejos e necessidades, quanto estão dispostos a pagar, características de decisão de compra, entre outros fatores. Outro aspecto primordial é a análise da concorrência que deverá balizar, substancialmente, as estratégias do negócio.
Estratégia do Negócio: a definição da missão, visão e objetivos da empresa é, inquestionavelmente, condição primária para o sucesso. Saber claramente aonde se deseja chegar e o que deverá ser feito para tal, deverá ser detalhadamente descrito nesta fase.
Organização e Gerência do Negócio: toda organização só será bem sucedida se uma estrutura adequada e eficiente for estabelecida. Dentro de um Plano de Negócios, a estrutura hierárquica, com destaque para as responsabilidades e competências necessárias para cada cargo pertinente, deve ser definida. Mapear os processos, estabelecendo a interação entre os mesmos deve ser uma atividade referenciada também.
Planejamento Financeiro: aos olhos de um investidor, talvez esta seja uma das partes mais importantes, pois o que realmente importará para ele será a capacidade do negócio em gerar lucro e rentabilidade. Planejar financeiramente um negócio consiste, basicamente, na projeção do fluxo de caixa, com destaque para as projeções de receitas e despesas, as necessidades de reinvestimento em ativos fixos e capital de giro, considerando as expectativas das entradas e saídas efetivas de dinheiro. Consiste também na definição de indicadores tais como:
– O break even point (ponto de equilíbrio) – representa o nível de vendas no qual a receita será igualada a soma dos custos fixos mais os custos variáveis, ou seja, no qual o lucro é zero;
– Payback – tempo necessário para que a empresa produza resultados que permitam aos investidores recuperar todo seu investimento;
– Return On Investment (Taxa de Retorno do Investimento);
– Índices de liquidez, alavancagem, atividade e rentabilidade;
Volto a dizer, não investir tempo neste processo é suicídio!
Estamos vivenciando um momento sem precedentes na história. A velocidade em que os negócios se desenrolam e, principalmente, a dinâmica da disseminação das informações já não permite mais espaço para improvisação. Quem insistir em aventurar-se no mundo empresarial sem um planejamento consistente será inevitavelmente engolido. Falar que não teve sorte não vai adiantar para justificar o fracasso!
Wellington Pereira Marques é diretor geral da Sofos Consultoria e Seguros Empresariais e coordenador operacional da divisão Karoch da Gauss Consulting. ([email protected])