Os possíveis investimentos em TI pela indústria de alimentos e bebidas, setor que responde por quase 10% do PIB nacional e por 4,5% do total das compras de tecnologia realizadas localmente, foram analisados pela consultoria IDC Brasil, que entrevistou os principais executivos de negócios e os CIOs de 30 das maiores empresas desse setor estabelecidas no país. A pesquisa identifica as preocupações, ameaças, oportunidades e desafios de negócios em tais companhias, com informações sobre as prioridades de investimentos para 2005 e os sistemas de rastreamento de produtos e de pedidos que estão sendo mais utilizados.
Pela série de mudanças por qual passou esse setor nos últimos três anos em função das crises econômicas e fusões das grandes companhias, a área de TI ganhou papel de relevância em auxílio ao acirramento da concorrência, mais acentuada na indústria de bebidas, e ao trabalho com margens menores. A fim de se tornarem mais eficientes e dar ênfase à melhoria no relacionameto com seus parceiros e clientes, a busca por automação se tornou crescente.
A transformação afeta toda a cadeia de suprimentos dessa indústria. As dificuldades em lidar com as várias fases do controle de produção, processamento e, muitas vezes, a distribuição indireta dos produtos estão fazendo com que as empresas de alimentos e bebidas percam o foco no negócio, com a conseqüente redução de lucro. Daí o início da adoção de um modelo em que a empresa concentra-se no seu principal negócio, que é a realização do processamento do produto. O objetivo é ter fornecedores altamente especializados e integrados à empresa e deixar toda a distribuição para os canais especializados. Assim, torna-se possível aumentar os investimentos em marca, marketing, logística, e pesquisa e desenvolvimento.
“Esse setor está procurando canais alternativos que aumentem as margens de lucro na oferta de seus produtos. As apostas estão nas redes de varejo de menor porte, lojas de conveniência, cinemas e postos de gasolina, entre outros. Grande parte das empresas entrevistadas afirma que os investimentos para alcançar esses canais crescerão consideravelmente em 2005. Algumas delas, inclusive, estão criando áreas para desenvolver seus próprios canais alternativos de vendas”, diz Ivair Rodrigues, gerente de pesquisas de TI e telecomunicões da consultoria.
O estudo indica que o setor vem investindo no controle do fluxo de distribuição dos produtos e aumentando os gastos para compartilhar dados e informações com seus canais de distribuição, porém ainda há muitas barreiras culturais quando se fala em implantar um processo colaborativo com parceiros. De acordo com Rodrigues, “O principal receio é de vazamento de informações estratégicas a cada companhia, que podem ser usadas posteriormente na hora de negociar contratos e preços. De qualquer forma, tanto as empresas de bebidas quando as de alimentos estão empenhadas em aumentar os investimentos para compartilhar dados e informações com os canais de distribuição no próximo ano”.
Também foram identificadas iniciativas de centralização e consolidação física do parque de servidores. E o uso de dispositivos de Internet móvel é muito bem visto pelo setor, que tem planos promissores para isso em 2005. Um dado interessante é que o uso de RFID, tecnologia da identificação por rádio-frequência em que informações são enviadas a um coletor de dados interligado a um computador, ainda se limita a poucas empresas do setor.
A exportação foi citada como o grande desafio de negócios pela maior parte das empresas de alimentos, motivado tanto por questões internas, como de ausência de cultura de exportação, lidar com problemas logísticos e roubo de mercadorias, quanto externas, no que se refere às legislações e às restrições de diferentes países. Já as empresas de bebidas estão mais preocupadas com a grande concorrência do setor.