Autor: Saulo Lerner
O mercado mudou a partir de agosto de 2008 bem como as necessidades dos players. Antes as preocupações eram atender às demandas do mercado. Agora o foco é a sobrevivência. Esse cenário trouxe novos desafios para executivos demitidos, CEOs e diretores, pois a ordem agora é conter custos.
Domínio das emoções, determinação e independência são fundamentais. Sobreviverão os executivos rápidos e saneadores, implacáveis na ação e capazes de produzir resultados tangíveis no curto prazo. A ilusória estabilidade de um cargo sempre mascara um dado de realidade – tudo é finito. Trabalhar para permanecer e estar preparado para sair é o desafio de todos. Portanto, o caminho para ser o protagonista e não apenas um figurante da própria carreira é ter um projeto profissional.
Em uma primeira análise poderíamos concluir que há três categorias de profissionais. Aqueles com diferenciais competitivos, as “moscas brancas”, que em princípio só precisam encontrar uma forma de divulgar seus diferenciais, pois o mercado está ávido por comprá-los. Na segunda categoria estão os profissionais razoavelmente competitivos, similares aos seus competidores. Para esses vale a capacidade de estabelecer um networking adequado. Na terceira categoria estão os profissionais não competitivos.
Defasados por haver ficado muito tempo em uma mesma posição ou empresa, não se atualizaram e nem evoluíram. Precisam identificar suas melhores competências para se reinventarem. Uma vez reformatados, poderão identificar onde estão as necessidades do mercado.
No mercado de executivos, fatores alheios ao conteúdo do trabalho têm muito peso, como é o caso dos “Três Cs”:
– Comportamento – domínio das emoções, apresentação pessoal e postura criam simpatias e antipatias.
– Cultura – identificação de valores comuns entre os iguais, que se reconhecem e se aproximam.
– Comunicação – clareza, objetividade, capacidade de síntese, saber ouvir, mais do que falar, é decisivo.
Os aspectos citados afetam todas as categorias de profissionais. Por que, então, algumas pessoas se recolocam rapidamente e outras demoram muito mais tempo?
Geralmente as pessoas estudam, se formam, começam a trabalhar e baseiam todo o projeto profissional nas competências técnicas. Questões importantes como um processo de comunicação consistente e sistemático com o mercado são absolutamente negligenciadas.
Frequentar associações profissionais, doar tempo livre para entidades de representação, ministrar palestras são tarefas percebidas como entediantes o que é um grande erro. Sem elas não somos conhecidos, reconhecidos, não temos imagem, não construímos alianças em volume e qualidade suficientes para viabilizar uma transição profissional tranquila.
E o que sobra? O canal congestionado dos headhunters. Cabe ressaltar que a relevância numérica dos headhunters nos processos de recolocação é muito menor do que a existente no imaginário dos executivos. Além de não acessarem um grande número de posições disponíveis (especialmente as embrionárias ou provenientes de empresas não habituadas a comprar esse tipo de serviço), eles trabalham a partir de uma “especificação do produto” – job description.
Enquanto uns encontram possibilidades apenas nesses canais ou, fracamente, no networking, pessoas que construíram o seu projeto profissional de comunicação com o mercado passam absolutamente ao largo, pois são chamadas, requisitadas, convidadas para participar de grupos, projetos, empresas.
A capacidade de se aproximar de pessoas de destaque e reconhecimento, com credibilidade, representatividade e projeção, pode viabilizar alianças de valor inestimável. Contatos com profissionais diferenciados, jovens ou maduros, professores, escritores e conferencistas são excelentes oportunidades para aprender e construir alianças.
O acesso a canais diretos como anúncios de emprego em veículos confiáveis, além da leitura atenta de reportagens sobre mercado, são também guias imprescindíveis, pois levam a oportunidades e estimulam o indivíduo a produzir abordagens criativas.
O profissional atualizado e bem relacionado administra sua carreira, sabendo onde e como pode ser necessário no meio da turbulência.
Saulo Lerner é diretor do Key Executive Service Right Management.