Hoje, há muitas formas de fazer um pagamento. Algumas em crescimento, outras cada vez mais obsoletas. Apesar disso, líderes empresariais e consumidores não pensam da mesma maneira quanto à adoção de novos métodos de pagamento. A constatação vem de uma pesquisa realizada pela NTT DATA, Ingenico ePayments, Oxford Economics e Charney Research, que entrevistaram 2000 consumidores e 300 executivos de diversos segmentos da indústria, provindos de vários países, como Brasil, Estados Unidos, Alemanha, China, entre outros.
De acordo com o estudo, os consumidores estão muito mais interessados em adotar as mobile wallets (em português, carteiras móveis) do que as empresas realmente pensam. Isso significa que muitas delas podem não estar se movendo rápido o suficiente para oferecer as opções de pagamento da forma como os consumidores gostariam.
Para 83% dos executivos entrevistados, a tecnologia de pagamentos funciona como uma ferramenta para alcançar objetivos estratégicos. Ainda assim, 31% dos líderes empresariais afirmaram que seus negócios não preveem vendas por meio de dinheiro móvel. Por outro lado, um terço dos consumidores espera que o dinheiro móvel domine os pagamentos dentro de uma década.
Além disso, 32% dos consumidores acham que o dinheiro vivo deixará de ser plenamente utilizado num breve período de três anos, contra 5% dos executivos. Uma quantidade surpreendente de 40% dos líderes empresariais acredita que o cenário de pagamentos em 10 anos permanecerá o mesmo que é hoje. Desta forma, contrastam-se ao entusiasmo dos consumidores por um futuro sem a necessidade de dinheiro, cheques ou cartões físicos.
BRASIL
“O Brasil é o segundo país onde menos se leva em consideração se o método de pagamento favorito é comumente aceito, atrás apenas da China”, comenta Matías Fainbrum, general manager da Ingenico ePayments para a América Latina. “Outra curiosidade é que os consumidores brasileiros são os que mais esperam que os cheques sofram uma redução substancial de uso dentro de três anos”, acrescenta. Essa percepção está em sintonia com as empresas brasileiras, pois 47% dos executivos afirmaram esperar diminuição no uso de cheques como meio de pagamento.
Outra forma de pagamento em queda livre no Brasil é o dinheiro vivo. A opção, cada vez menos adotada pelos brasileiros, apresentou uma consequência recente e significante no país. Dentro do pacote de 57 privatizações anunciado pelo governo no dia 23/08, está a Casa da Moeda, criada em 1694. A justificativa para a sua privatização é simples: com o consumo cada vez menor de moedas e de papéis-moedas no Brasil, a demanda vem diminuindo ano após ano, enquanto os prejuízos à Casa da Moeda só aumentam. No calendário apresentado pelo governo, a previsão é de que a venda da estatal seja consumada no quarto trimestre de 2018.
O que mais preocupa os executivos brasileiros em relação à adoção dos pagamentos móveis é a possibilidade de hackers roubarem informações pessoais de seus clientes. “Outro grande receio é a questão da conexão com a Internet. Os líderes empresariais têm medo que os consumidores não tenham a conexão num momento em que precisem”, lembra Fainbrum.