Autor: Evaldo Costa
Você tem um baita problema e precisa resolvê-lo o quanto antes? Deseja uma solução definitiva ou paliativa? Saiba que independentemente de raça, crença, nacionalidade ou cor, todos nós, mais cedo ou mais tarde, provavelmente vamos nos deparar com um obstáculo desafiador.
Quando comecei a minha carreira profissional conheci dois amigos e fomos admitidos para trabalhar na mesma empresa como aprendizes correspondentes. Uma espécie de auxiliar de office boy. Pode até parecer curioso, mas foi exatamente assim que consegui que alguém assinasse a minha carteira profissional pela primeira vez aos quatorze anos de idade. Aos oito eu já trabalhava no mercado e nas barracas das festas típicas da pequena cidade onde eu vivia.
Nós três tínhamos a mesma idade. Trabalhávamos oito horas por dia para custear os estudos noturnos e, ao final de um ano, se obtivéssemos avaliação satisfatória de nosso superior, seríamos promovidos para ocupar uma vaga de mensageiro. Foi assim que eu me deparei com o primeiro problema profissional. Já o meu colega João precisava aprender inglês para prestar exame que o habilitaria a começar uma carreira promissora em uma empresa multinacional. O Arthur, por sua vez, queria mesmo era voltar para a sua terra natal e para isso precisava convencer o seu chefe a transferi-lo o mais rápido possível. Como se vê, logo no primeiro dia de trabalho, tínhamos problemas diferentes pela frente. Em comum, apenas o desejo de obter solução rápida.
Daí, tudo que precisávamos seria alguém que pudesse nos mostrar uma solução ou mesmo dar um conselho milagroso para aliviar as nossas dores. Porém, havia duas situações que desconhecíamos. A primeira é que não há soluções rápidas para resolver problemas agudos e a segunda é que a maneira como vemos o problema, muitas vezes, é o verdadeiro problema.
Logo descobrimos, também, que os obstáculos são como feridas abertas na pele que não podem ser curadas apenas com band-aids e mercúrio. Quando a lesão é grande e profunda precisamos de muito mais cuidados e medicamentos adequados para cicatrizá-la, caso contrário, as conseqüências poderão ser dolorosas e duradouras.
Você conhece alguma pessoa que precisando dominar um idioma tenta desesperadamente aprendê-lo do dia para a noite? O que normalmente acontece com pessoas assim? Na maior parte das vezes ela falha, levando muitos anos para conseguir algo que parecia ser possível realizar em um período curto.
Mas, afinal de contas, por que essas coisas acontecem? Devido aos nossos paradigmas. Se a nossa crença diz ser possível assimilar um novo idioma em três anos e só temos três meses para fazê-lo, a tendência é buscarmos um jeito de tentar. Dai, se há anúncio na mídia oferecendo método rápido de aprendizagem, não pensamos duas vezes, saímos com o talão de cheque na mão e fazemos logo a matrícula. Qual será nosso resultado? Provavelmente, vamos logo descobrir que não deu para chegar aonde gostaríamos, não é mesmo?
Então, o que fazer diante de uma situação assim? Talvez o melhor fosse não sair atabalhoado em busca de um aprendizado milagroso e sim contextualizar a questão. Se, por exemplo, parássemos para ver quanto tempo normalmente levamos para aprender a falar a nossa própria língua, iríamos perceber que dificilmente dominaríamos um segundo idioma em um décimo de fração, não é mesmo?
Stephen R. Covey em seu exuberante livro Os Sete Hábitos Das Pessoas Altamente Eficazes ressalta que cada um de nós tem tendência a pensar que vê as coisas como elas são, que somos objetivos. Mas, a verdade não é bem assim. Para Covey “vemos o mundo não como ele é, mas como nós somos – ou seja, como fomos condicionados a vê-lo”. Segundo ele, quando abrimos a boca para descrever o que vemos, na verdade descrevemos a nós mesmos nossas percepções e nossos paradigmas. “Se alguém discorda de nós, naturalmente achamos que a outra parte está errada. Quando, na verdade, o que pode ocorrer é vermos as mesmas coisas por “lentes” diferentes.”
Portanto, da próxima vez que você se deparar com um problema, antes de pensar em uma solução rápida, reveja os seus conceitos e, provavelmente, irá descobrir, em boa parte das ocasiões, que o problema não é tão feio quanto parece ou, talvez, nem mesmo existe.
Pense nisso e ótima semana!
Evaldo Costa é escritor, consultor, conferencista e professor. ([email protected])