Com a obrigatoriedade legal de implementação da nota fiscal eletrônica (NF-e) no segmento de distribuição de combustíveis líquidos, a partir de 2008, o governo impulsiona não apenas a economia de processos operacionais nas empresas, mas a transparência no mercado consumidor, à medida que esse novo modelo fiscal garante idoneidade e inibe a prática de ações fraudulentas.
Em contrapartida, a garantia de êxito nos projetos está relacionada com o investimento em segurança da informação. Os CIOs já perceberam que as soluções que garantem a confidencialidade dos dados deixaram de ser um processo da área de tecnologia da informação (TI) para se tornarem aliadas na tomada de decisões estratégicas.
É por isso que qualquer projeto de NF-e exige prioridade nas agendas dos CIOs. Dados do IDC revelaram que só na América Latina a segurança foi a segunda prioridade de investimentos das empresas. E no setor de combustíveis não pode ser diferente. Nos últimos anos, os postos de gasolina obtiveram incremento de 42% no faturamento, segundo relatório anual da Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes).
Por essa razão, a NF-e nesse segmento colabora para consolidar outro mercado, que é o da certificação digital. A eliminação de burocracia, a segurança e a economia de tempo – principalmente no intercâmbio de informações com a Receita Federal – estão entre as vantagens que atraem os executivos. E nesse cenário da NF-e, a indústria de combustíveis tem tudo para figurar como personagem principal.
Fica evidente que a segurança da informação é essencial no segmento de combustíveis. Não só pela sua representatividade na economia do País, mas acima de tudo pelas perdas geradas no setor em virtude das ações ilícitas. Dados do Sindicom, que tem como associadas as gigantes Air BP, Castrol, Chevron, Ipiranga, Esso, FL Brasil, BR Distribuidora, Repsol, Shell, revelam que o mercado ilegal movimenta algo como R$ 7 bilhões por ano.
A NF-e, além de reduzir em aproximadamente 50% os custos operacionais, garante uma espécie de atestado de confiabilidade, já que as chances de incidência de fraudes tributárias tendem a cair. Outro grande atrativo é o ROI (Retorno de Investimento) do projeto. Independente do investimento, a implementação é paga pelas organizações em quatro meses.
A experiência da NF-e no segmento de combustíveis poderá servir para a expansão efetiva e a adoção em massa da certificação digital. O governo encontrou uma aplicação prática para o certificado, usando-o como uma oferta que traz ganhos imensuráveis ao mercado. E as empresas de combustíveis, por outro lado, passam a reconhecer a percepção do valor agregado baseado na segurança da informação. Enquanto o mercado consumidor exige eficiência e garantia de um bom produto, a NF-e configura-se como um processo irreversível, ingressando de forma definitiva no mercado corporativo.
Celso Souza é diretor geral da True Access Consulting.